Marcha pela Vida

Fui ontem à tarde à Marcha pela Vida, entre o Largo do Camões e a Assembleia da República, passando pelo Rato (em vez de seguir pela R. do Loreto e Calçada do Combro, a manifestação subiu pela Rua da Misericórdia, D. Pedro V, Escola Politécnica, descendo depois a Rua de S. Bento).

Não era uma manifestação eclesial e disseram-me que o Patriarca de Lisboa, não podendo ir (estava convocado para o Sínodo da Família, no Vaticano), opinou de qualquer modo, e bem, que o assunto sobre a vida (designadamente, contra o aborto – que era do que se tratava ali – e a eutanásia) devia ser da esfera do civil e da biologia pura, mais do que da Religião, que no caso se limitava a defender os seus princípios favoráveis à vida.

Deu-me por isso especial gosto ver ali elementos de todos os grandes partidos representados na Assembleia (do CDS ao PCP, passando pelo PSD e pelo PS) a discursarem no palanque onde terminou a Marcha, frente ao Parlamento, contra os ventos da moda, e a favor da vida.

Apesar do ar dos tempos e dos ventos a favor das chamadas medidas fracturantes, tentando lavar o que ainda não há muito era considerado simplesmente nazi, devemos ao menos indignar-nos por um Estado em que votamos tratar melhor o aborto (sem cobrar sequer taxas moderadoras) do que a família existente. E melhor o aborto, que na realidade não é um acto médico, nem deve ser forma normal de controlo da Natalidade (como o seu embaratecimento estimula), do que doenças gravíssimas (nas quais o SNS está sempre a cortar).

Não defendo a prisão das mulheres que fazem aborto, porque compreendo que os ares dos tempos não estão para isso. Defendo, sim, politicas activas de controlo da Natalidade, da responsabilidade do Estado, e que não sejam abortivas (nem queiram regressar às moralidades pré-pílulas). Mas prefiro dedicar os meus impostos aos doentes e à ajuda às famílias do que aos abortos totalmente gratuitos, e reiterados (as custas deviam aumentar quando se repetem), nos Hospitais e Serviços de Saúde Públicos – impedidos também por isso de se dedicarem seriamente às doenças mais graves. Quanto ao mais, todos os avanços tecnológicos na área da biologia, demonstram que o fecto é um ser humano pleno – que precisa de cuidados especiais de apoio, dentro da barriga da mãe, tal e qual como o bebé recém-nascido precisa, já fora da barriga.