Eurocépticos perdem grupo no Parlamento Europeu

O britânico Nigel Farage, líder do Partido pela Independência do Reino Unido (UKIP na sigla inglesa), ficou hoje sem grupo parlamentar em Bruxelas, depois da renúncia da deputada letã, Iveta Grigule, ter deixado o grupo Europa da Liberdade e da Democracia Directa (EFDD) sem o mínimo exigido de sete Estados-membros representados.

Fundado em 2009, o EFDD esteve em risco de ruir após as eleições de Maio devido aos esforços de Marine Le Pen em formar um grupo eurocéptico de extrema-direita, que roubaria alguns dos parceiros do UKIP. A salvação apareceu pela mão do italiano Beppe Grillo, o ex-comediante que lidera o Movimento 5 Estrelas, o segundo mais votado nas europeias de Itália.

Só os deputados do UKIP (24) e do Movimento 5 Estrelas (17) superam sozinhos um dos requisitos para a formação de um grupo parlamentar, que é ter no mínimo 25 eurodeputados. O outro requisito (ter sete Estados-membros representados) era alcançado através da adesão de um deputado checo, um francês, dois lituanos, dois suecos e a letã que agora pediu ao Presidente do Parlamento Europeu para ser registada como deputada independente.

A formação de um grupo dá aos seus deputados mais financiamento, lugares nas comissões parlamentares e mais tempo para discursar no hemiciclo.

Na página oficial do EFDD, a direcção do grupo justifica a saída de Iveta Grigule como resultado da “chantagem dos federalistas”. “A deputada informou o secretário-geral do EFDD que o líder do EPP (grupo dos partidos populares europeus), Manfred Webber, e o presidente do Parlamento Europeu (PE), Martin Schulz, disseram-lhe que tinha de renunciar ao EFDD de forma a ser nomeada presidente da delegação parlamentar para o Cazaquistão", lê-se no comunicado publicado nesta quinta-feira.

O próprio Nigel Farage diz que “é obvio que o PE não está a seguir a sua tradicional prática de dividir as posições de presidências (das comissões) de uma forma justa de acordo com o sistema D’Hondt”. O britânico que se celebrizou com discursos incendiários em Bruxelas – chegou a dizer ao belga Herman van Rompuy, antigo presidente do Conselho Europeu, que vinha de um “não país” e apelidá-lo de ”assassino da democracia e das nações europeias” – diz agora que “Martin Schulz estaria mais apto para ser presidente do parlamento da república das bananas”.

nuno.e.lima@sol.pt