Este relógio vale 12 milhões de euros?

É considerado o relógio mais complicado feito na era pré-computadores. E nasceu de uma competição entre dois rivais apaixonados por relojoaria. 

James Ward Packard, dono da fábrica homónima de automóveis de luxo, possuía desde 1916 um relógio de bolso Patek Phillipe com 16 complicações (nome dado às funções ‘acessórias’ de um relógio, como cronómetro ou calendário). Henry Graves Jr., de uma família de banqueiros, estava decidido a ultrapassá-lo e, em 1925, abordou os responsáveis da Patek com todo o sigilo, pedindo-lhes para fazerem especialmente para ele "o relógio mais complicado de sempre".

Graves era um banqueiro riquíssimo com uma paixão por barcos, por arte (possuía uma pintura de Albrecht Dürer na sua colecção) e, naturalmente, por relógios. A Supercomplicação Henry Graves Jr., um relógio de bolso em ouro e de grandes dimensões, ficou concluída em 1932 e foi entregue ao proprietário em Janeiro de 1933. Possui calendário perpétuo com as fases da Lua (até 2100), imita os sinos do Big Ben (o famoso relógio londrino) a cada quarto de hora, tem cronógrafo, exibe as horas exactas do nascer e do pôr do sol e ainda tem um mapa do céu, com as magnitudes das estrelas, tal como ele aparece na cidade de Nova Iorque.

Esta pequena maravilha da relojoaria vai a leilão esta terça-feira em Genebra, capital mundial da relojoaria, e, embora a leiloeira Sotheby’s não revele a base de licitação, estima-se que possa atingir 15 milhões de francos suíços (cerca de 12,5 milhões de euros). Vem acompanhada do certificado emitido pelo fabricante e pela caixa original, com entalhes em ébano e as armas de Henry Graves Jr. gravadas em madrepérola.

jose.c.saraiva@sol.pt