Caça fortunas

Segundo a capa da TV 7 Dias ‘todas as discotecas a querem’ e, por isso, vai ganhar uma fortuna, agora que saiu do programa execrável que dá pelo nome de Casa dos Segredos. Vânia, de seu nome, pelos vistos é uma rapariga que faz sonhar homens e mulheres e ‘todos’ querem estar onde ela estiver.…

Mas, voltando à agência casamenteira, o Café da Ponte, nas Docas, aos domingos, era uma espécie de catálogo vivo, onde a única coisa que não se podia fazer era atirar uma bola ao ar, pois seriam muitas as cabeças partidas, tal a densidade de jogadores por metro quadrado. Os decotes das raparigas eram bastante generosos, a roupa ajustava-se muito ao corpo, apesar de ser diminuta, e dali partiram muitos casamentos. Quem trabalhava à noite sabia que por aquelas bandas andavam as mais espertas caçadoras de fortunas de jogadores. Umas eram empregadas da noite, algumas eram estudantes e outras não estudavam nem trabalhavam. Distinguiam-se por usarem penteados muito vistosos e pareciam muito felizes.

Em todas as épocas houve discotecas que se caracterizaram por serem as tais agências casamenteiras. Nas ditas mais finas, muitas mulheres que tinham perdido o poder de compra, arranjavam-se com os melhores trapinhos e procuravam distinguir-se das que paravam no Café da Ponte, mas a estratégia era a mesma e os assuntos também. Razão tinha Rui Veloso que cantava: 'Já não conhece ninguém/ do lugar onde cresceu/ Agora só anda com gente bem/ E vai ao sábado à noite à boîte/ Espampanante e a mascar chiclete/ No vigor da juventude/ Como uma estrela decadente/ Dos bastidores de Hollywood'.

vitor.rainho@sol.pt