João Semedo: ‘BE não será o CDS de António Costa’

João Semedo abriu hoje os trabalhos da IX Convenção do BE com dois avisos: uma para fora do partido e outro para dentro. O co-coordenador dos bloquistas garantiu que o partido “não será o CDS da esquerda” e lembrou que foi a “inteligência política” dos fundadores do BE que uniu três forças políticas com as…

João Semedo: ‘BE não será o CDS de António Costa’

Num discurso muito aplaudido pelos delegados eleitos à reunião magna dos bloquistas, que decorre no Pavilhão do Casal Vistoso, Semedo apontou duras críticas ao PS de António Costa, alguém que em apenas um mês "colocou na gaveta a renegociação da dívida, a reposição dos salários na Função Pública, a eliminação da sobretaxa do IRS".

"Como é funda esta gaveta do PS. Se hoje é assim, que mais surpresas mostrará um governo de Costa?", questionou João Semedo.

Para as forças de esquerda que vão criar uma plataforma de cidadãos apoiada por forças políticas, como o Livre ou a Fórum Manifesto de Rui Tavares e Ana Drago, na tentativa de viabilizar uma solução de esquerda que inclua o PS, o líder bloquista deixou críticas para depois assegurar que "BE não será o CDS de António Costa".

"À esquerda não faltam vozes de sereia que nós condenam a escolher entre  dois males: a alternância laranja ou a alternância rosa. Querem nos convencer que a ultima possibilidade é ter-mos uma austeridade boazinha e pedem-nos para dar o benefício da dúvida e acreditar que o PS vai fazer diferente. Para os que dizem que o bloqueio está nesta sala, convido-vos a ouvir Francisco Assis", que há dias afirmou que "se houver necessidade de um governo de coligação, terá de ser à direita, não vejo como se possa fazer uma coligação à esquerda".

Ora, consciente que de que o BE não chega sozinho, Semedo apelou à mobilização social para a construção de uma "aliança dos povos do Sul para ter mais Europa", mas desafiou sobretudo o seu próprio partido a manter a "unidade" para enfrentar a austeridade, "o directório europeu" e a "abstenção que tanto atinge a esquerda", numa referência ao resultado do BE nas Europeias deste ano.

"Recordo o exemplo do fundadores do BE. Todos eles sabiam que se o seu grupo (político) tivesse triunfado, então não seria preciso fazer o BE. Todos eles perceberam isso. Devemos homenagear a sua inteligência política. Se foi assim, hoje não pode ser diferente. É preciso fazer crescer este BE, tal como foi preciso construí-lo. Precisamos de todos e não há qualquer grupo que seja capaz de fazer o todo que só juntos podemos fazer", afirmou, no que foi entendido como um recado para a moção de Pedro Filipe Soares, que desafia a actual direcção do BE.

Menos de 24 horas depois da detenção para interrogatório de José Sócrates, o coordenador de BE recordou as declarações ontem da sua companheira de direcção, Catarina Martins, para defender que um dos desafios do BE é defender a democracia que disse, está a ser posta em causa pela maioria PSD/CDS e pelo próprio PS. 

"A Catarina Martins disse ontem que não é só a fruta que está podre. É a própria cesta que está podre. Hoje, a fruta está podre, o cesto está podre e a própria frutuária está podre", afirmou.

ricardo.rego@sol.pt