O delfim da UDP, a força maior do BE

Pedro Filipe Soares ameaçou e conseguiu partir a meio o BE. Francisco Louçã, numa das intervenções mais aguardada da IX Convenção, que terminou ontem em Lisboa, não se conteve: “Esta divisão é uma prova de imaturidade”, acusou. Certo é que Pedro Filipe Soares sai do conclave bloquista com tantos lugares na Mesa Nacional como os…

O delfim da UDP, a força maior do BE

Numa situação inédita – não prevista nos estatutos do partido – o BE sai da Convenção sem líderes e com o futuro em aberto. A primeira Mesa Nacional depois das eleições, que decorre no próximo domingo, vai ser por isso determinante para o futuro do partido. Desde logo porque é de lá que vai sair o nome dos coordenadores dos bloquistas para os próximo dois anos. A dupla Semedo/Martins leva uma vantagem: a sua ‘Moção Unitária em Construção’, que define a estratégia política do partido, foi eleita com 266 votos, batendo a moção adversária de Pedro Filipe Soares (‘Bloco Plural’) que se ficou pelos 258 votos. A partir de agora, nada será como antes no BE.  E Pedro Filipe Soares não irá deixar a sua proposta política alternativa para o BE por mãos alheias. 

Luís Fazenda há muito que vem preparando o 'assalto' da UDP à liderança do BE, a única das três forças fundadoras (ao lado da Política XXI e do PSR) que cresceu nos últimos anos. A ascensão, por mérito próprio, é também fruto da gestão de equilíbrios de Francisco Louçã, que deu palco à UDP. 

Há dois anos, na hora de abdicar da coordenação, Louçã impôs o modelo bicéfalo, que Fazenda aceitou a contragosto e tenta agora exterminar. Para isso, conta com Pedro Filipe Soares, seu delfim. O candidato à coordenação começou a arrepiar caminho pelas mãos de Fazenda em 2009, ano em que se estreou na Assembleia da República – ao mesmo tempo que Catarina Martins – depois de eleito pelo círculo de Aveiro. 

O arranque da actividade como deputado foi auspicioso. Fazenda, líder da bancada do BE e vice-presidente da AR, escolheu-o para secretário da Mesa da AR. O cargo não lhe deu palco político, mas granjeou respeito entre os pares da UDP – corrente que domina a militância de base e dá particular importância à representação institucional. Dois anos mais tarde, viria a suceder ao seu pai político na liderança da bancada. 

Nestes três anos que já leva em funções e numa bancada dividida a meio, terá evitado divergências com os actuais coordenadores e não se terá deixado minar pela relação distante e fria que Semedo tem com Fazenda. A exclusividade dos deputados e o combate à corrupção foram duas das suas causas no Parlamento. 

Pedro Filipe Soares, 35 anos, entrou para o BE em 2003. Antes, em 2001, concorreu como independente nas listas autárquicas do BE a Castelo de Paiva. Os pais já estavam ligados à UDP, a 'corrente maior' do BE que rasgou o compromissos com a actual direcção. No seu perfil na Wikipédia, criado no lançamento da sua candidatura, apresenta-se como matemático e político de profissão. 

ricardo.rego@sol.pt