Vítor Bento não quis ser ‘protagonista’ na resolução do BES

O economista está hoje a ser ouvido na comissão parlamentar de inquérito à gestão do BES. 

Vítor Bento não quis ser ‘protagonista’ na resolução do BES

Vítor Bento assumiu a liderança do BES no dia 13 de Julho deste ano.

O gestor assumiu que só soube da resolução no dia 1 de Agosto à noite, sexta-feira. A medida foi anunciada pelo Banco de Portugal no Domingo, dia 3. 

Citando Marques Mendes, Vítor Bento assumiu, em resposta aos deputados, que naquele momento não podia renunciar à liderança do BES. “Naquele momento, tive o dever de não exercer o meu direito de renúncia”, afirma.

Vítor Bento assume que até pode ter ficado “desgostado” por não ter tido conhecimento da medida mais cedo, mas ressalva que “do ponto de vista institucional as coisas têm de ser feitas com alguma reserva”.

Questionado se concorda com a solução adoptada para o BES, repete: “Não tenho legitimidade institucional para concordar ou discordar” das decisões.

Além disso, o gestor confessa que no momento em que foi comunicada a resolução não tinha informação em pormenor sobre os contornos da mesma, pelo que achou estar em causa uma divisão normal entre bad e good bank.

Na segunda-feira, dia 4 de Agosto, quando nasce o Novo Banco, Vítor Bento garante que a sua equipa não estava “disponível para ser protagonista naquele processo”.

“Tenho as minhas preferências do ponto de vista profissional e obviamente que há pessoas para todos os desafios, porque o mercado é muito vasto.”

Sobre a conversa com a ministra das Finanças, no dia 30 de Julho – altura em que foi conhecida a dimensão dos prejuízos do BES -, Vítor Bento assume que não apresentou qualquer proposta ao Governo, até porque a mesma exigia aprovação prévia dos accionistas.

“Fomos avaliar se haveria disponibilidade para o Governo agir como back stop”, ou seja, se seria “desejável e conveniente” que o Executivo assumisse a garantia de sustentabilidade caso a recapitalização privada não fosse possível. 

“O Governo entendia que uma declaração dessa natureza poderia afastar os investidores privados. Não me pareceu que a disponibilidade do ponto de vista político fosse grande.”

Tentando desmistificar o que esteve em causa nessa reunião, Vítor Bento assegura: “Não foi feito qualquer pedido, foi só perceber qual o quadro de disponibilidade.”

sandra.a.simoes@sol.pt