Ricciardi: ‘Não aceito a responsabilidade colectiva’

O presidente do BESI arrancou a audição na comissão de inquérito ao caso BES com uma declaração inicial em que, ao contrário de Ricardo Salgado, não se coibiu de falar de membros da família. “Não aceito a responsabilidade sanguínea. Não me submeto, nem me conformo com a responsabilidade colectiva”, afirmou.

“Não permito que me reclamem solidariedade por acções que não realizei ou que não tive conhecimento”, declarou o primo de Salgado.

O presidente do BESI, o único membro da família que permanece em funções depois do colapso do BES, garante ter alertado para o que se passava. “Tenho plena consciência de ter denunciado internamente e junto da entidade supervisora as situações duvidosas, assim que tive conhecimento delas.”

O gestor diz-se disponível para que as acções de todos os administradores sejam investigadas. “Não enjeito, reclamo, que a responsabilidade de cada uma seja escrutinada. Estou livre, como sempre estive, para separar o trigo do joio e separar as águas”, frisou, acrescentando: “Cabe a cada um assumir a responsabilidades do que fez”.

José Maria Ricciardi revelou que ficou isolado na cúpula familiar na contestação à liderança de Salgado. “Todos os membros do conselho superior apoiaram, de uma forma ou outra – expressa ou volátil –, a permanência de Ricardo Salgado”, refere numa alusão ao momento em que a moção de censura ao seu primo foi rejeitada e trocada por um voto de confiança a Salgado.

O primo de Salgado assumiu que o seu lugar no grupo esteve em causa pelo menos por duas vezes da administração. “Pese o facto de ter sido traído pela maioria do conselho superior, não me conformei com as promessas de mudanças feitas. Em Fevereiro de 2014 manifestei indisponibilidade para ficar no BES caso o modelo continuasse. Por duas vezes estive em risco de ser afastado da liderança do BESI”, referiu.

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