“Chegou ao fim um martírio”

“É uma notícia muito boa e acima de tudo é a reposição da justiça e da verdade. Nunca quis ofender ninguém, muito menos o Presidente da República”, disse ao SOL Carlos Costal, acusado de ter insultado Cavaco Silva, em 2013. “Chegou ao fim um martírio, perdi muitas noites de sono por causa de um processo…

“Chegou ao fim um martírio”

O Presidente da República comunicou à Procuradoria-Geral da República que “não deseja que prossiga” o processo-crime contra aquele cidadão, que reside em Elvas. “Tendo sido agora notificado da designação da data do julgamento do cidadão, o Presidente da República entendeu usar da prerrogativa que a lei penal lhe confere”, adiantou fonte oficial do Palácio de Belém.

O julgamento de Carlos Costal estava marcado para o dia 23 de Fevereiro do próximo ano, mas o Ministério Público (MP) pode agora arquivar o processo. O arguido foi detido no dia 9 de Junho de 2013, em Elvas (onde decorreram as cerimónias do 10 de Junho), tendo sido acusado, em Novembro de 2013, de um crime de ofensa à honra do Presidente da República. Naquela tarde, segundo o despacho de acusação, terá dito: “‘És um chulo, gatuno, ladrão'“, tendo acrescentado depois: “'Vai trabalhar, malandro'“.

Costal, de 26 anos, chegou a ser julgado em processo sumário e condenado a pagar uma multa de 1.300 euros, mas dias depois o Ministério Público anulou a sentença por causa de uma irregularidade – este crime tem de ser julgado sob a forma de processo comum – e instaurou um novo inquérito. Vários cidadãos solidarizaram-se com a causa e, em poucos dias, três grupos dinamizaram nas redes sociais uma angariação de fundos (880 euros) para ajudar a pagar a multa.

O processo foi então avocado pelo procurador da República do círculo de Portalegre, Carlos Ferreira, que deduziu nova acusação contra o arguido. Nessa altura, o PR já tinha declarado, numa carta enviada ao MP em Setembro, que pretendia que o procedimento criminal se mantivesse, por considerar as declarações do arguido “ofensivas” da sua “honra e dignidade pessoais”, “quer pelo seu significado corrente, quer pelas circunstâncias em que foram proferidas”.

sonia.graca@sol.pt