Este pode ser o próximo petisco da moda em Portugal

A aquacultura nacional está a explorar o potencial de novos produtos como a camarinha, um pequeno camarão que tem sido até agora exportado essencialmente para Espanha, mas que se pode tornar o próximo petisco da moda.

O crustáceo "tem baixo valor comercial", mas captou o interesse dos aquacultores porque não tem praticamente custos de produção, contou à Lusa o secretário-geral da Associação Portuguesa de Aquacultores (APA).

A camarinha, que cresce naturalmente nas antigas salinas que existem em Aveiro, na Figueira da Foz, no estuário do Sado, na ria Formosa e na ria de Alvor, ainda é praticamente desconhecida pelo mercado português e a maior parte da produção tem sido exportada para Espanha "onde é muito apreciada", mas Fernando Gonçalves acredita no seu potencial.

"Eu já vejo camarinha à venda, principalmente como entrada em restaurantes e cafés da zona do litoral. Tem potencial de crescimento para servir como entrada, refeição ou como petisco", destacou.

No entanto, este crustáceo, tal como as ostras, sofre o efeito negativo da fiscalidade.

A APA considera que são espécies com potencial e defende a redução da taxa de IVA aplicada às ostras e à camarinha, de 23 para 6%.

Fernando Gonçalves afirmou que em Portugal quase não se vendem ostras devido ao IVA a 23% e ao facto de serem consideradas um produto de luxo, o que não corresponde à realidade, já que os preços para o produtor variam entre 1 e 4 euros por quilo.

Baixar o imposto iria não só promover o consumo, mas permitir também a instalação de maternidades.

"Os produtores importam as sementes e os juvenis de França porque não existem maternidades cá em Portugal porque não conseguem competir com as importações de França, que não pagam IVA", precisou o secretário-geral da APA.

As algas também têm potencial de crescimento, existindo já empresas a produzir várias espécies na zona de Aveiro e Olhão, mas neste caso o código do IVA é omisso quanto à taxa a aplicar, que a APA pretende ver fixada nos 6%.

O consumo das espécies aquícolas em Portugal tem-se mantido estável, mas Fernando Gonçalves salientou que o consumo de espécies importadas tem "aumentado brutalmente".

O salmão é o caso mais paradigmático: são cerca de 15 mil toneladas por ano que a APA diz que poderiam ser substituídas por espécies de aquacultura nacional com características semelhantes como a truta salmonada.

"Hoje em dia já temos um conhecimento e uma produção estável de sete espécies: o pregado, a amêijoa, a dourada, a ostra, o robalo, a truta e o mexilhão. Depois existem outras espécies com elevado potencial, falo do linguado, que pensamos que, em breve, vai ser uma das espécies mais produzidas em Portugal, da corvina, que tem algumas limitação, das algas e a camarinha", adiantou Fernando Gonçalves.

Em 2013, o défice na balança comercial de pescado foi de 641 milhões de euros. Portugal importa normalmente 400 das cerca de 600 mil toneladas de pescado que consome anualmente.

A aquacultura contribuiu em 2014 com cerca de 11 mil toneladas, pouco mais de 1,5% do consumo nacional de pescado, mas a APA estima um potencial de produção que ronda as 145.000 toneladas.

Lusa/SOL