Amnistia Internacional denuncia abusos e corrupção no sector mineiro birmanês

A Amnistia Internacional acusou hoje as empresas de capital canadiano e chinês de se aproveitarem dos abusos do sector mineiro da Birmânia e do recurso à violência por parte das autoridades para reprimir os protestos contra projectos de extracção.

No relatório "Aberto a negócio? Crime corporativo e abusos nas minas de cobre birmanesas", a organização liga o sector mineiro às expropriações forçadas de terras em grande escala e à destruição de habitats devido à contaminação dos solos, entre outros.

"As pessoas que vivem nos arredores de Monwya e Latpadaung sofreram mais de duas décadas de abusos causados por um operador canadiano, pelo Governo birmanês e agora pelas empresas chinesas. O investimento pode ajudar a Birmânia, mas estes projectos só beneficiam as empresas e prejudicam as pessoas", declarou Meghna Abraham, investigadora de crimes corporativos da Amnistia Internacional (AI).

"O Governo forçou a expulsão de pessoas, esmagou todas as tentativas de protestos pacíficos e mostrou uma total falta de vontade para que as empresas prestem contas", afirmou a activista durante a apresentação do relatório em Banguecoque.

A grave contaminação provocada pelos trabalhos nas minas destruiu os meios de subsistência e expôs milhares de birmaneses a riscos de saúde.

Segundo a AI, as autoridades birmanesas expulsaram milhares de pessoas das suas casas para facilitar as prospecções da empresa canadiana Ivanhoe Mines (agora chamada Turquoise Hill Resources) na década de 1990, e da empresa chinesa Wanbao, em 2011.

Mais de 100 pessoas, incluindo mulheres e monges budistas, ficaram feridas em Novembro de 2012 depois de a polícia birmanesa ter carregado sobre manifestantes pacíficos que protestavam contra a exploração de Latpadaung, administrada pela empresa chinesa, com recurso a fósforo branco, uma substância explosiva altamente tóxica.

Lusa/SOL