BES: “As pessoas estão desesperadas porque perderam a poupança de uma vida”

O presidente da Associação de Defesa dos Clientes Bancários Lesados, Ricardo Ângelo, disse hoje aos deputados que os clientes do BES que investiram em papel comercial das ‘holdings’ do GES estão desesperados pela situação em que se encontram.

BES: “As pessoas estão desesperadas porque perderam a poupança de uma vida”

"As pessoas estão desesperadas porque perderam a poupança de uma vida", salientou o responsável durante a sua audição na comissão parlamentar de inquérito ao caso BES/GES.

"Representamos cerca de 500 pessoas. Há pessoas que têm dificuldade em pagar uma quota de 50 euros e não têm dinheiro para viver. São pessoas que perderam tudo fruto do sistema bancário e não haver uma vigilância correcta", acusou.

Segundo Ricardo Ângelo, os idosos que tinham poupanças e eram clientes do Banco Espírito Santo (BES) foram alvo principal de uma "campanha agressiva" para investirem nestas aplicações – papel comercial da Espírito Santo International (ESI), Rioforte e ESPART – sem fazerem ideia que eram produtos com risco.

"Isto é quase criminoso. O perfil dos clientes lesados é conservador. Nunca foi dito que havia risco. E há pessoas que puseram o dinheiro todo. Se dissessem que havia risco, nunca ninguém ia por o dinheiro todo", acusou Ricardo Ângelo.

"Há pessoas que pouparam a vida toda e meteram todo o dinheiro e agora não têm nada", vincou.

"Seja um cêntimo, um euro, seja o que for, é o meu dinheiro e vou fazer tudo o que é possível para o ir buscar", sublinhou. 

Questionado sobre o papel dos gestores de conta, o responsável disse que os mesmos foram "manietados" pelo BES e pelo Banco de Portugal.

"O produto nunca poderia ter chegado a nós", realçou.

E reforçou: "Meteram-nos uma cenoura à frente dos olhos, quando o Banco de Portugal disse que havia uma provisão para pagar aos clientes do papel comercial. E agora vem dizer que não existe dinheiro para nos pagar?".

Ricardo Ângelo salientou ainda que os produtos subscritos ofereciam uma "taxa líquida de 2 e tal por cento", explicando que ninguém iria investir as poupanças de uma vida num produto destes, desde que estivesse ciente que tinha risco de perda de capital.

"Não fomos gananciosos", frisou.

Lusa/SOL