Lisboa: Jardim Constantino é um perigo para a saúde pública

«Trago aqui as crianças todos os dias, mas isto é uma vergonha», lamenta Eliana, ama de três meninos de quatro, cinco e dois anos, olhando para o fontanário que enfeita o Jardim Constantino, na zona de São Jorge Arroios, em Lisboa.

apesar de recuperado pela câmara de lisboa há um ano, o lago tem estado completamente votado ao abandono, tornando-se um perigo para a saúde pública, especialmente das dezenas de crianças que todos os dias ali passam as tardes a brincar.

«nem a junta de freguesia nem a câmara fazem a manutenção do fontanário e dos jardins» – acusa aníbal, funcionário da esplanada aberta ao lado do fontanário. a falta de manutenção levou a que a «bomba de água avariasse e que a água ficasse parada e suja, tornando-se um enorme perigo para a saúde pública», acusa.

apesar da gravidade da situação, aníbal diz que ninguém a resolveu: «nunca, desde que aqui estou, há um ano, vi este lago ser limpo. até que dois sem-abrigo deitaram mãos à obra há uma semana e limparam eles próprios o lago, que estava cheio de lama».

mas os dois homens, que usaram dois baldes grandes para tirar toda a sujidade da fonte, não conseguiram limpar tudo: na conduta por onde sai a água encontra-se ainda um peixe morto. «nem esse peixe os serviços de limpeza tiraram», acusa, criticando ainda o facto de ninguém agradecer o acto dos sem-abrigo.

«nem um cafezinho, nem um prato de sopa!», concorda sérgio santos, de 31 anos, que começou a trabalhar recentemente no quiosque do jardim constantino. o pior, diz, é que «os clientes pensam que o lago pertence à esplanada e que somos nós que deveríamos limpar, por isso vêm perguntar-nos o que se passa».

é que, até há uma semana, «e dependendo da direcção do vento, o cheiro era insuportável, nojento mesmo», conta, lembrando que se tratava de água parada.

tal como eliana, também neide é ama de duas crianças que costuma passear no jardim. «o fontanário transformou-se num banheiro público: as pessoas fazem ali as necessidades», denuncia, preocupada com a saúde dos menores que ali passam horas a fio: «a água está sempre verde e cheira mal, sobretudo quando há muito calor».

pedro, de 31 anos, leva, uma vez por semana, o filho de três anos para brincar no parque infantil do jardim e para evitar problemas já estabeleceu regras. «nunca o deixo brincar junto ao lago», garante, recordando que nunca viu o fontanário a funcionar.

manuel, um reformado de 74 anos, mora naquela zona há 40 e recentemente foi exigir explicações à junta de freguesia. mas a resposta foi a de que a responsabilidade era da câmara municipal de lisboa. «e fui encaminhado para o gabinete de apoio ao munícipe da câmara». mas, aqui, conta, disseram-lhe para se dirigir à junta. «é uma vergonha», dispara.

ao sol, joão taveira, autarca de s. jorge de arroios, deu a mesma resposta que dá a quem o procura. «a junta não está autorizada a fazer qualquer intervenção nos espaços ajardinados públicos», garantiu, acrescentando que tem alertado o vereador do urbanismo da cml para a necessidade de resolver o problema, sendo «sempre ignorado». sá fernandes, por seu lado, admite que «a competência da limpeza do espaço é da câmara». o vereador atribui o problema da sujidade do lago a «alguns frequentadores» e diz que «está desactivado devido a uma avaria para a qual a cml não prêve data da resolução».

sonia.balasteiro@sol.pt