Manuel Abrantes aproveitou-se do seu cargo na instituição

O acórdão do processo Casa Pia atribui especial censurabilidade à culpa do arguido Manuel Abrantes nomeadamente pelo «aproveitamento absoluto da posição [de provedor adjunto] que ocupava na Casa Pia»

Na determinação do grau de culpa do ex-provedor adjunto da Casa
Pia, o tribunal penalizou-o pela «desconsideração do seu dever
de garante perante jovens em formação»
entregues à instituição
de acolhimento.

«O arguido colocou em causa, com a sua conduta, o bom nome
da Casa Pia que o acolheu como profissional, destacando-o entre os
pares»
, lê-se na sentença entregue hoje aos advogados e a que a
agência Lusa teve acesso.

Os juízes consideraram ainda que o arguido não teve uma conduta
colaborante durante o julgamento, negando sempre os factos de que era
acusado.

Manuel Abrantes foi condenado a cinco anos e nove meses de prisão
efectiva por dois crimes de abuso sexual de menores.

Para o tribunal, dentro da Casa Pia «instalou-se e
desenvolveu-se um sentimento surdo de impunidade por parte de quem
praticou»
abusos sexuais.

Os juízes ficaram convictos de que, por parte de quem praticou
abusos dentro da instituição, havia «um forte sentimento de
confiança de que tais actos não eram descobertos e de que os educandos
não falavam»
do assunto.

O tribunal ficou também convicto de que os abusadores da
instituição «não precisaram de criar esquemas ou artifícios
elaborados (…) para que os jovens escapassem à vigilância dos
educadores»
e que tais actos não fossem descobertos.

 

Sol / Lusa