EDP: Amnistia Internacional preocupada com ‘negócio da China’

A Amnistia Internacional Portugal alertou hoje para a possibilidade de graves problemas ambientais, de direito à habitação e ao trabalho decorrentes da venda da participação portuguesa da EDP à China Three Gorges Corporation.

em comunicado, a amnistia refere que na china a construção da
barragem das três gargantas tem dado origem a sérios problemas de
poluição do rio yangtzé com secagem de pântanos, destruição do modo de
vida de comunidades piscatórias, alternância de secas e de cheias com a
consequente erosão dos terrenos e o aparecimento de doenças tropicais
até então quase inexistentes.

segundo a amnistia internacional
portugal a barragem das três gargantas foi construída numa grande falha
tectónica com grande instabilidade dos terrenos adjacentes: verificam-se
grandes deslizamentos de terras até vários quilómetros de distância da
barragem por vezes com destruição de aldeias inteiras.

para a
construção da barragem, adianta, foram desalojados um milhão de cidadãos
chineses, a maioria dos quais não recebeu uma indemnização justa ou
teve direito a realojamento.

“isto demonstra a falta de respeito
pelos direitos humanos e ambientais da companhia em questão. também é
conhecido o desrespeito pelo direito ao trabalho por parte das grandes
empresas chinesas”, frisa a organização.

a amnistia internacional
de portugal diz ainda temer que “acções futuras de construção ou
ampliação de infraestruturas produtoras de energia eléctrica levadas a
cabo pela china three gorges corporation venham a reger-se pelos mesmos
padrões de desrespeito dos direitos económicos, sociais e ambientais das
populações”.

os chineses da three gorges corporation foram hoje
os escolhidos pelo governo para a aquisição da participação pública de
21,35 por cento na edp.

a parpública, detentora da posição do
estado, comunicou que a alienação será efectuada por 2,69 mil milhões de
euros, num prémio de 53,6 por cento em relação ao preço de mercado no
dia 21 de dezembro da eléctrica liderada por antónio mexia.

pelo caminho ficaram o grupo alemão e.on e as empresas brasileiras eletrobras e cemig.

lusa / sol