O CDS e as sondagens

Podemos considerar que Paulo Portas exagera um bocadinho contra as sondagens. Mas talvez ele não queira ir tão longe, ao contrário do que diz, como proibi-las em campanhas eleitorais. Pretenderá apenas, e com razão, dramatizar o assunto.

 Penso que ele faz bem em recusar negociar as listas de uma eventual coligação com o PSD com base nas sondagens. Mas também me parece exagero ele supor que só o PSD vai descer nas próximas eleições, e o CDS não – mesmo acreditando que o PSD, mais directamente responsável por politicas de resultados imprevisivelmente nefastos e de grande insensibilidade social do que o CDS, venha a ser mais penalizado do que este (a sondagem definitiva, a das próprias eleições, o diria, sem sondagens).

Mas agora explico alguma simpatia minha pela relutância com que o CDS assiste às sondagens. É que tem sido praticamente um costume arreigado, o CDS conseguir resultados eleitorais acima das previsões das sondagens. Precisamente o contrário do que se passava com o PCP no Alentejo, sobretudo na época pós revolucionária: tinha sempre muito melhores resultados nas sondagens do que nas eleições.

Aparentemente, as pessoas interrogadas no Alentejo, mesmo que não tencionassem votar no PCP, não tinham coragem de o afirmar nos inquéritos de opinião.

E com o CDS deve passar-se o mesmo, mas ao revês: muita gente, mesmo com a decisão tomada de votar no CDS, recusa-se a admiti-lo se questionada antes em sondagens.

Não deverá ser difícil fazer um cálculo técnico para evitar distorções excessivas numas listas de coligação PSD-CDS.