Melhor é possível

Numa entrevista ao Telegraph, José Mourinho afirmou que tem um problema: “Estou a ficar melhor em tudo”. Acredito que Mourinho creia nisto. Por mais vaidoso que pareça, este balanço feito pelo próprio não deixa de ser uma expressão de auto-estima louvável. No que diz respeito ao seu desempenho profissional, ninguém pode discutir a ascensão quase…

Coragem e humildade

Peter Hamilton estava a passear o cão de manhã quando ouviu uma voz feminina do outro lado da rua: “Ajude-me! Pode ajudar-me?”. A rapariga estava deitada de mãos e pés algemados no alpendre de uma casa. Tinha sido raptada há cinco dias e o raptor estava a dormir no andar de cima. Tinha aproveitado o momento para escorregar  pela escada abaixo. Hamilton disse que sim e entrou pelo jardim adentro. Não tinha o telefone para chamar a polícia. Só tinha um corta-unhas no bolso. Usou-o para cortar a fita colante que a rapariga tinha à volta dos pulsos e tornozelos. Enquanto a libertava, o raptor apareceu mas fugiu. Foi capturado mais tarde. Como explicação para o salvamento, Peter Hamilton declarou que “se não tivesse o cão, não tinha ido passear para aquela zona”. A frase revela humildade e decência num acto em que tem clara responsabilidade. O acaso (ou o cão) pô-lo naquele sítio àquela hora, mas não o mandou agir como agiu: heroicamente discreto.

Família

Penso que não há diferenças entre aqueles que gostam e tratam dos seus animais de estimação. As diferenças estão nas sociedades em que vivem. Países com maior expressão económica e hábitos de protecção para os animais domésticos podem providenciar melhores cuidados médicos para os bichos. É o caso dos Estados Unidos, onde uma empresa de biotecnologia, Likarda, está a desenvolver uma técnica de transplantes e a organizar uma base de dados para animais. Por enquanto, os pacientes são cães e gatos a precisar de tratamento para a diabetes e transplantes de rim. Neste caso, são os gatos os que mais precisam. O problema é o custo: 15 mil dólares pela intervenção cirúrgica, além dos medicamentos e vigilância veterinária para dadores e receptores para o resto da vida. Como sabemos, isto de ser caro é relativo. Entretanto é bom sabermos que os nossos cães e gatos são considerados pessoas da nossa família e que por isso é natural que cuidemos deles.

Burros

O jornal Metro de Londres é, tal como o de Lisboa, gratuito. Imagino que terá mais aspectos em comum, mas do ponto de vista jornalístico é o oposto. O de Londres compete com os tablóides, jornais sensacionalistas, pouco escrupulosos e muito abusivos no que respeita à credulidade do público que os lê. No Metro londrino, fizeram capa com uma putativa afirmação de um mufti, um estudioso do Alcorão, sobre o direito de um muçulmano poder comer a mulher numa situação de extrema necessidade. O acto de canibalismo seria lícito visto que a mulher é considerada inferior ao homem. Claro que no fim da notícia aparece um desmentido, não só negando a possibilidade com veemência como qualquer vaga interpretação feita nesse sentido. A perversidade da notícia merece ser denunciada. A realidade já é suficientemente difícil. Basta ver os actos praticados pelo Estado Islâmico. Mentiras como a que foi publicada pelo jornal inglês desrespeitam as vítimas e promovem o erro.

Chorar em paz

Todas as semanas há uma imagem ou um vídeo que se torna viral na internet. Parece haver algo nessas imagens que faz delas motivo de interesse para muita gente. Por vezes, são só momentos captados por acaso e que nos comovem ou repugnam. E às vezes o objectivo é o primeiro mas o efeito acaba por ser o segundo. Aconteceu-me isso com um vídeo recente em que vemos um miúdo a despedir-se de um peixinho de aquário que morreu. A criança é filmada pela mãe a dar um beijinho ao peixe já morto, a largá-lo na sanita e a puxar o autoclismo. Quando o peixe desaparece, o rapaz começa num pranto e a mãe consola-o, sempre a filmar. O vídeo foi muito partilhado. Só pergunto que direito tem seja quem for a filmar uma criança num momento privado e difícil em que é confrontado com a morte. Uma criança não tem direito a chorar em paz?