APL suspende obras na Doca de Pedrouços

A escala em Lisboa da Volvo Ocean Race (VOR), prova de circum-navegação à vela, está rodeada de grande confusão e indecisão. A cinco meses da competição, ignora-se onde ficarão ancoradas as 12 embarcações profissionais.

a base da prova deveria ser na doca de pedrouços, mas a administração do porto de lisboa (apl) suspendeu parte das obras que estavam a decorrer propositadamente para acolher a prova náutica. com a paragem das obras, a doca de alcântara (que foi a primeira opção da joão lagos sport) volta a ser considerada como a melhor opção para acolher a vor.

contactada pelo sol, a gestora pública do porto de lisboa negou que tenha ordenado a suspensão das obras. «a apl limitou-se a equacionar alguns trabalhos da empreitada, na medida em que considerou mais adequado que os mesmos venham a ser realizados pelo futuro concessionário da marina do tejo» – afirma fonte oficial, referindo-se a um concurso daquele equipamento e de reabilitação urbana que será lançado até ao final do mês.

a mesma fonte acrescentou ainda ao sol que a «recepção da regata vor pela apl está assegurada, dispondo o porto de lisboa da doca de alcântara e da doca de pedrouços para receber o evento. a solução está a ser estudada pela joão lagos sport».

a organização da vor foi apresentada publicamente em 2010 como uma parceria público-privada entre a empresa de joão lagos, a câmara de lisboa e o turismo de portugal. o investimento previsto, segundo foi anunciado, era de 10 milhões de euros – a dividir entre o parceiro privado e as entidades públicas.

apl obrigada a pagar

a apl foi chamada a participar pelo governo de josé sócrates, ficando encarregue de realizar boa parte das obras que deveriam ser pagas pela autarquia liderada pelo socialista antónio costa.

apesar da joão lagos sport ter apresentado a doca de alcântara no processo de candidatura, as obras previstas pelo operador liscont para essa zona obrigaram à mudança para pedrouços. contudo, as obras em alcântara foram entretanto anuladas, devido à não renovação do contrato da concessão da liscont. assim, está a ser ponderado o regresso ao plano original, da vor em alcântara.

o problema é que a apl já adjudicou duas empreitadas em pedrouços no valor de 4,6 milhões de euros para acolher a vor. a primeira, concluída em outubro, serviu para demolir edifícios da docapesca e custou 600 mil euros. a segunda, agora suspensa, foi adjudicada por 4 milhões de euros e deveria reabilitar as infra-estruturas marítimas e instalar passadiços para as embarcações da vor.

a apl assegura que, num contexto da transferência da vor para alcântara, as obras entretanto realizadas serão sempre aproveitadas no âmbito da concessão da marina do tejo.

luis.rosa@sol.pt