“Há muitos bons músicos a tocarem na rua” [vídeo]

Carlos Maciel actua nas ruas do Porto há 17 anos. Há quem o considere uma espécie de ‘Kurt Cobain’ português, por tocar e cantar na perfeição músicas dos Nirvana. Durante muito tempo actuou na Rua de Santa Catarina, mas acabou por mudar-se para a Rua da Cedofeita, por considerar que o excesso de movimento lhe…

“Alguns músicos em Lisboa conhecem-no bem e elogiam-no. Há um vídeo dele no Youtube com cerca de um milhão de visualizações e centenas de comentários elogiosos”, explica Cláudia Camacho, que convidou o músico para participar no Lamiré, um evento que amanhã vai juntar músicos de rua no Teatro do Bairro (Lisboa). “O que falhou para que este músico não esteja a encher coliseus nacionais, a fazer carreira internacional?”, questiona. “Nem sempre o talento fala mais alto”.

Foi precisamente para ajudar a contrariar ‘injustiças’ como esta que Cláudia, licenciada em História da Arte e curadora independente, começou a pensar num evento que desse visibilidade e palco a músicos de rua. “Tive a sorte de me cruzar com o António Nunes, DJ na Tendinha dos Clérigos, no Porto. A maneira como ele vive a música vai ao encontro da minha. Em 2014, decidimos avançar com um evento que ainda não era feito em Portugal e assim nasceu o Lamiré | Sons da Rua em Palco. Há muitos bons músicos a tocarem na rua”.

Desde então, Cláudia passou a olhar para estes artistas de outra forma. “Já nem sequer consigo passar por músicos que estejam a tocar na rua sem lhes prestar atenção. Mas raramente falo com eles no primeiro contacto. Como temos seis meses pela frente [a selecção começa a ser feita com seis meses de antecedência], ficamos sempre na esperança de voltarmos a encontrá-los. E isso costuma acontecer. Contudo, já houve ocasiões em que o músico em questão era tão, mas tão bom que ficámos com medo de perder aquela oportunidade e nem aguardámos pelo segundo encontro”.

A organizadora do evento tornou-se também mais sensível aos problemas com que se deparam estes músicos. Como o mau tempo e a indiferença dos transeuntes. “Quando chove as coisas complicam-se. Não só para os músicos e seus instrumentos musicais como também para os transeuntes.  A questão da indiferença mexe-lhes com o ego. Mas os turistas salvam esse problema. São eles quem mais contribui para a actividade dos músicos que tocam na rua”.

A segunda edição do Lamiré | Sons da Rua em Palco contará com músicos portugueses, de Angola e do Brasil. As cinco actuações começarão às 20h30 e deverão prolongar-se até perto das 00h30. A entrada custa sete euros.

Veja aqui o vídeo de Carlos Maciel:

jose.c.saraiva@sol.pt