‘Crescer e consolidar a nossa natureza universitária’

No ano em que é celebrado o seu 25.º aniversário o Instituto Universitário da Maia (ISMAI) afirma-se como a maior instituição privada de ensino superior na região norte do país. Domingos Silva, reitor do ISMAI, em entrevista ao SOL.

Que caminho percorreu o Instituto Universitário da Maia desde que, no século passado, abriu as portas?

O ISMAI iniciou o seu funcionamento em 1990 com 117 alunos a frequentar quatro cursos de bacharelato, de natureza politécnica.

A construção da primeira fase das instalações é um marco decisivo para a autonomização institucional que ocorreu em 1995/96, com a frequência de 2.000 alunos, altura em que o ensino superior se expandia e com o sector privado a alcançar 120.000 alunos em 1996/97.

Numa trajectória crescente, o ISMAI, em 2003/04, com a concretização da segunda fase das instalações, alcança uma população de 4.000 alunos, consolidando assim a sua natureza universitária, apesar do funcionamento dos mestrados se verificar no ano seguinte. A exigência da nota mínima nas provas de ingresso, em 2005/06, reduziu os candidatos às licenciaturas. Todavia, os Cursos de Especialização Tecnológica (CET), a partir desse ano, compensaram as perdas, atingindo, uma média de 500 alunos/ano.

Com a adequação ao processo de Bolonha, desde 2006/07, as licenciaturas foram reduzidas para 3 ou 4 anos, acentuando-se a diminuição da população escolar. Apesar disso, o ISMAI mantém-se com mais de 4.000 alunos, sendo nos últimos anos a segunda instituição privada do País e a maior do Norte.

 

Como se insere no meio social envolvente o Instituto Universitário que dirige?

Em 2002, o ISMAI, solicitado pela Câmara Municipal da Maia, envolveu-se no Projecto Maia Digital, com um orçamento superior a oito milhões de euros, executado em 98,8%, tendo a Maiêutica, entidade instituidora, assegurado a candidatura com 450.000 euros. O Maia Digital fazia parte dos 25 projectos integrados na estratégia para uma rede de "Cidades e Regiões Digitais", tendo sido factor decisivo na transformação do concelho da Maia ao beneficiar toda a população e, em particular, as escolas e os serviços autárquicos.

Os docentes e técnicos de TIC (tecnologias da informação e comunicação) do ISMAI têm participado em dezenas de projectos interinstitucionais e internacionais, no âmbito de Programas, como o 'Lifelong Learning', Erasmus e Erasmus+, nas vertentes das ciências da computação, empresariais, desporto, solicitadoria, forenses e do crime, comunicação e do turismo.

A relação da Maiêutica/ISMAI com a sociedade envolvente está também na origem da participação no capital social do TECMAIA (Parque de Ciência e Tecnologia da Maia) desde 2001, assim como da participação na qualidade de Fundador, desde 2010, na Fundação da AEP – Associação Empresarial de Portugal.

 

O ISMAI desenvolve actividades de investigação?

No ISMAI a investigação científica teve um forte impulso em 2007, com um orçamento significativo, assegurando missões, execução de projectos e até prémios de produção para os casos de maior sucesso. Nesta prioridade estratégica, merece realce a criação do CIDESD, Centro de Investigação, pluri-institucional, ancorado num protocolo assinado na Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD), que progressivamente foi crescendo, tornando-se um Centro classificado com 'Very Good', o melhor na área científica do Desporto. Além do CIDESD/ISMAI, estão activas mais cinco unidades de investigação, destacando-se a UNIDEP (Unidade de Investigação em Desenvolvimento Humano e Psicologia), integrada no CPUP (Centro de Psicologia da Universidade do Porto), Centro classificado com 'Excelent'.

Recentemente, o Projecto "STOP Depression: Stepped care treatments and digital solutions for depression and suicide prevention in primary care", apresentado pelo docente, doutor João Salgado, director da UNIDEP, já aprovado depois de concurso muito selectivo, no âmbito do Programa "EEA Grants Public Health Initiatives", num montante previsto de 513.691,64 euros, veio reforçar o prestígio da área da Psicologia. Na mesma área estão em desenvolvimento os Projectos: "Formar, Agir e Disseminar", tendo como entidade gestora o Alto Comissariado para as Migrações (ACM), bem como "(In)Formar para a Igualdade e para a Cidadania", do mesmo Programa e Entidade Gestora. No âmbito de processos concursais, junto da FCT, Gulbenkian e Portugal 2020 aguardam-se os resultados de duas dezenas de candidaturas multidisciplinares.

A intensa actividade e abundantes publicações permitiram em 2013 a acreditação do curso de Doutoramento em Psicologia – Especialidade de Psicologia Clínica. Como resultado, foi publicado o Decreto-Lei n.º6/2013, de 14 de Janeiro, sendo alterado o reconhecimento de interesse público do Instituto Superior da Maia, que passou a ter a natureza de Instituto Universitário, adoptando a actual denominação de Instituto Universitário da Maia – ISMAI.

 

Que estratégia adoptou a Maiêutica, entidade instituidora do ISMAI, na adequação à distinção entre os ensinos universitário e politécnico?

Por força do Decreto-Lei n.º 43/2014, de 18 de Março, que cria os Cursos Técnicos Superiores Profissionais (CTeSP) com a duração de dois anos, não conferentes de grau, sendo ministrados apenas no âmbito do ensino superior politécnico, o Instituto Universitário da Maia fica impedido, a partir de 2015/16, de continuar com os CET e de ministrar os CTeSP.

Com a ameaça de perda de 500 alunos/ano, os responsáveis pela Maiêutica reuniram as condições para a criação do Instituto Politécnico da Maia, devendo ter início, em 2015/16, com quatro cursos de Licenciatura, três de natureza politécnica, transferidos do Instituto Universitário da Maia e um curso novo na área do Desporto, já acreditado por seis anos. Há ainda dezassete CTeSP em apreciação na Direcção Geral de Ensino Superior, podendo funcionar os que merecerem aprovação.

Com esta adequação à nova legislação, a Maiêutica aproveitará os espaços e equipamentos que têm servido os CET e evitará o despedimento dos docentes que, eventualmente, leccionarão nos CTeSP.

O novo Complexo Desportivo, a concluir em Dezembro de 2015, com espaços para leccionação, investigação e prestação de serviços, tornará o Campus Académico do ISMAI ainda mais singular e relevante.

 

Noticia originalmente publicada no especial Mestres e Doutores, que foi distribuído com a edição em papel do SOL de 22/05/2015