Primeira realizadora portuguesa é homenageada

O Cinema de São Jorge homenageia a partir desta sexta-feira Bárbara Virgínia, a primeira realizadora portuguesa de cinema. A homenagem acontece no âmbito da 2ª. Edição do festival Olhares do Mediterrâneo – Cinema no Feminino, e inclui, durante o fim-de-semana, uma exposição sobre a realizadora e actriz que nasceu em 1923 e morreu este ano.

Bárbara Virgínia realizou e estreou o seu primeiro filme, Três Dias sem Deus, em 1946, quando tinha apenas 22 anos. A sua longa-metragem foi seleccionada para a primeira edição do Festival de Cannes, tendo sido a primeira realizadora portuguesa e a primeira mulher a apresentar um filme no que é hoje considerado um dos mais prestigiados e famosos festivais de cinema no mundo.

Morreu no passado dia 7 de Março, com 91 anos, em São Paulo, e alcançou o seu lugar na história do cinema por ter sido a primeira realizadora a dirigir uma longa-metragem de ficção em Portugal, o que permaneceu como feito único durante todo o período do Estado Novo.

“Queremos revelar a artista multifacetada que, nos anos 40 do século XX, participava em programas de rádio, fazia recitais de canto e poesia, e era actriz de teatro e cinema”, pode ler-se no comunicado enviado pelo festival. “A importância desta obra na história do cinema português é grande, não só por ser a primeira ficção realizada por uma mulher como pelo facto de ter sido a única produção feminina até 1976”, acrescenta sobre Três Dias sem Deus.

Na exposição Bárbara Virgínia – Primeira Realizadora Portuguesa, será pela primeira vez apresentada uma recolha de documentos e testemunhos da artista em formato de vídeo e imagem. A exposição será complementada com uma mesa-redonda a decorrer no dia 6 de Junho. ‘À Conversa sobre Bárbara Virgínia’, é orientada por Ana Catarina Pereira, investigadora e docente na Universidade da Beira Interior, e conta com a participação de Ana Mafalda Reis (Olhares do Mediterrâneo), Helena Matos (da colaboradora do jornal Observador), Luísa Sequeira (jornalista e realizadora), Wiliam Pianco (investigador) e de Tiago Baptista (conservador da Cinemateca Portuguesa – Museu do Cinema).

Integrado nas Festas de Lisboa, o festival Olhares do Mediterrâneo promete três dias de cinema, artes performativas, conversas, exposições, workshops, livros, artesanato e até mesmo cozinha mediterrânica. O festival inicia esta sexta-feira, dia 5, com uma sessão de curtas-metragens a partir das 15h. No Domingo, a realizadora Marta Pessoa estará presente na sessão do seu filme O Medo à Espreita.

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