Rejeitada em Portugal, Uber é a nova moda de um país comunista

A Uber atravessa dificuldades para implementar-se em Portugal, um país com uma economia de mercado aberta à iniciativa privada. Mas há um Estado dominado pelo Partido Comunista onde a empresa tem facilidade em operar. O serviço de transporte que concorre com os táxis convencionais é a nova moda da população urbana na China.

Segundo uma reportagem publicada ontem no New York Times, a Uber está a apostar forte na expansão no país asiático. Embora o mercado seja ainda dominado por empresas locais, os chineses “mais abastados e cosmopolitas” estão a tornar o serviço da Uber cada vez mais popular, descreve o jornal.

As tarifas são em média 35% mais baratas do que os táxis e os carros são “geralmente mais luxuosos” do que a concorrência convencional. Os motoristas oferecem água gratuita durante as viagens e “são tipicamente mais educados”, acrescentam os repórteres.

Duas fontes citadas no artigo revelam que a Uber está a fazer 100 mil serviços por dia na China, o que já representa 10% do total de trajectos que a empresa de transporte de passageiros faz em todo o mundo. A ambição de crescer é tanta que o grupo paga mais aos condutores do que recebe das tarifas cobradas – o objectivo de rentabilidade não é imediato, os planos são garantir primeiro uma presença alargada no território.

No ranking internacional de facilidade de fazer negócios elaborado pelo Banco Mundial, a China aparece na 90.ª posição, em 190 países. Numa economia com uma forte ligação às orientações do Partido Comunista, criar uma empresa ou obter alvarás são tarefas burocráticas e demoradas. Portugal, o país das empresas na hora, está em 25.º no mesmo ranking. Seria de pensar que conceitos de negócio inovadores fossem mais fáceis de implementar em Lisboa, mas a realidade encarrega-se de negar essa suposição, no caso da Uber.

No seguimento de uma providência cautelar da Associação Nacional dos Transportadores Rodoviários em Automóveis Ligeiros (ANTRAL) , que representa os táxis, as operadoras de comunicações bloquearam o acesso ao site da empresa e Banco de Portugal mandou suspender os pagamentos ao grupo. A Uber já funciona em 310 cidades de 58 países.

joao.madeira@sol.pt