Jornalista russo espancado por separatistas ucranianos

Pavel Kanygin, um repórter do jornal independente russo Novaya Gazeta, foi espancado por separatistas ucranianos esta terça-feira na zona leste da Ucrânia, depois de ter sido capturado e detido durante cinco horas pelo grupo de rebeldes pertencentes à autoproclamada República Socialista de Donetsk (RSD). “Apontaram-me uma pistola e disseram-me que se me mexesse matavam-me”, conta…

O editor da Novaya Gazeta, Segey Sokolov, disse ao Comité para a Protecção de Jornalistas (CPJ) que Kanygin se encontrava em Donetsk, capital da RSD, para obter uma acreditação para a reportagem que estava a fazer sobre o território separatista russo. Foi aí que o grupo o interrogou, ainda sob custódia, com o intuito de descobrirem se pertencia ao seu grupo de rebeldes ou às forças governamentais da Ucrânia. 

“Quando lhes disse que vinha em paz, esmurraram-me o olho”, relata Pavel Kanygin, citado pelo The Guardian. Na sua posse, tinha um documento que o identificava como jornalista ucraniano, posteriormente encontrado pelos separatistas, que o acusaram de criminoso e de colaborar com os órgãos de comunicação do país.

Experiente em fazer reportagens sobre o conflito a leste na Ucrânia, Pavel foi ainda submetido a exames ao sangue, cujos resultados provaram estar sob o efeito de drogas. Mas, segundo o jornal britânico, o editor chefe da Novaya Gazeta, Dmitry Muratov, afirma que as provas foram forjadas. E, mais tarde, Kanygin acabou por ser levado para o posto de controlo da fronteira entre a Rússia e a Ucrânia, onde foi expulso do país.

“Obstruir um jornalista, atacando-o e expulsando-o do território russo só reforça que a República Socialista de Donetsk tem algo a esconder”, disse, entretanto, a coordenadora europeia e asiática da CPJ, Nina Ognianova, que condena a acção dos rebeldes. 

A Novaya Gazeta é uma publicação conhecida pelo seu carácter investigativo e de denúncia político-social, sendo que desde 2001 já houve mortes de jornalistas devido às investigações realizadas. Alexander Abedev, um dos proprietários do jornal, já fez saber em Março deste ano que deixaria de financiar a publicação, por ser considerada hostil ao governo de Vladimir Putin.