Duarte Lima. Confusão trava julgamento

A Justiça brasileira diz não poder avançar para o julgamento de Duarte Lima, pelo assassínio de Rosalina Ribeiro, enquanto as autoridades portuguesas não devolverem uma carta rogatória enviada em Maio, mas a Procuradoria-Geral da República garante ao SOL não ter recebido qualquer pedido de assistência internacional.

Duarte Lima. Confusão trava julgamento

Segundo fonte oficial do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro, após ter sido publicada a decisão do juiz Ricardo Pinheiro de levar o caso a julgamento com júri, foi enviada para Portugal uma rogatória para intimar Duarte Lima. Porém, o “último movimento processual do dia 30 de Junho indica que a carta rogatória que intima o réu em Portugal ainda não foi devolvida à Justiça brasileira”. E sem esse detalhe processual não pode ser marcada data para julgamento. 

O juiz da comarca de Saquarema, pequena cidade a cerca de cem quilómetros do Rio de Janeiro, também deixa claro nos autos que a resposta de Portugal está a atrasar o processo: “Tenho dúvida em certificar a preclusão da sentença de pronúncia, tendo em vista que a carta rogatória para intimar o réu ainda não foi devolvida”.

Em Lisboa, porém, a garantia é a de que não deu entrada qualquer pedido da Justiça carioca. “A Procuradoria-Geral da República não recebeu recentemente qualquer pedido das autoridades brasileiras relativamente a esse processo”, assegura fonte oficial.

Apesar do impasse, o juiz Ricardo Pinheiro deixou claro que até ao julgamento não pode ser alterada a medida de coacção aplicada a Duarte Lima, ou seja, a prisão preventiva. No despacho, a que o SOL teve acesso em Junho, o magistrado assegura que se mantêm inalterados “os motivos que ensejaram o decreto prisional” e adianta que “crimes como [o homicídio] geram grande repercussão na sociedade, esperando todos a pronta intervenção do judiciário, ainda que de natureza cautelar”.

Para o juiz, alterar a prisão preventiva seria pôr em causa a ordem pública: “Há de ser mantida a prisão do acusado por garantia da ordem pública […] e da instrução criminal, representando a segregação cautelar do acusado medida indispensável para o regular desenvolvimento da acção penal”.

Duarte Lima nunca esteve preso preventivamente pelo assassínio de Rosalina Ribeiro (morta em Dezembro de 2009), uma vez que não está em território brasileiro, mas o seu nome consta na lista dos procurados pela Interpol como forma de prevenir qualquer saída de Portugal – o único país onde goza do direito a não ser extraditado, uma vez que é cidadão nacional.

carlos.santos@sol.pt