Camionistas precisam-se nos Estados Unidos

Já aqui escrevemos sobre a falta de camionistas nos Estados Unidos, devido à reforma de muitos motoristas profissionais, com cada vez menos pessoas a escolher esta profissão. Agora há um sector que se destaca nesse ‘pedido urgente’ de condutores: o do transporte de automóveis.

A baixa no preço dos combustíveis e a recuperação económica em geral levaram os americanos a comprar carros em força, sejam eles novos ou usados – o mercado total está estimado em perto de 50 milhões de veículos vendidos todos os anos. Esses carros precisam de sair das fábricas, dos barcos, dos comboios, dos parques e armazéns, dos concessionários ou das leiloeiras, para serem transportados um pouco por todo o país, mas os camiões e condutores para o fazer começam a escassear.

Segundo o Automotive News, há cada vez mais descontentamento entre os camionistas que já fazem de transporte de veículos e menor interesse entre os jovens americanos. A razão para essa desmotivação prende-se muito com o facto de receberem não pelas horas de trabalho, mas sim uma percentagem do valor da carga que transportam. À partida parece ser um bom ‘negócio’, mas a falta de chaves em viaturas ou de documentação; o facto de muitas vezes terem de ser os camionistas a carregar os veículos debaixo de chuva, neve ou calor intenso; e as obrigações legais em termos de velocidade e número de horas a conduzir são alguns factores que afastam as pessoas da profissão.

Segundo explicou ao Automotive News Kathleen McCann, CEO da United Road Services, a sua empresa engloba 1.700 camiões e motoristas – empregados ‘da casa’ ou profissionais por conta própria com exclusividade –, e ainda recorre a outros 4.000 camiões externos em função das necessidades. O problema é que as outras grandes empresas de transporte de veículos, independentemente do tamanho da sua frota, também recorrem aos mesmos 4.000 camionistas externos. McCann avança mesmo com o número de camiões e condutores em falta nos Estados Unidos: “entre 16 mil e 17 mil, nada menos do que isso”.

A responsável indica que “há um entrave cultural e geracional”, o que leva a que os jovens “não tenham interesse em ‘viver’ num camião”. Para tentar combater esse problema de desmotivação e melhorar as condições de trabalho, a United Road Services, que movimenta cerca de três milhões de veículos por ano, pondera avançar com uma novidade: classificação dos clientes por parte dos camionistas. Kathleen McCann lembra que a sua empresa também é classificada e criticada por quem recorre aos seus serviços, e acredita que a classificação por parte dos camionistas também pode ajudar os concessionários, leiloeiras e outros intervenientes do sector a serem mais eficientes.

Em Fevereiro escrevemos sobre a necessidade de camionistas em geral nos Estados Unidos. Um estudo da Business Insider indicava que em 2022 pode haver 239 mil condutores de pesados em falta nas estradas americanas, sendo que no início do ano já eram precisos 30 mil.

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emanuel.costa@sol.pt