O império das crianças

A herdade da Malhadinha Nova, em Albernôa, Baixo Alentejo, é uma empresa familiar com 13 anos de vida e que, para além das 320 mil garrafas que lança anualmente no mercado, explora ainda, no mesmo local, o Country House e Spa Hotel e o restaurante Gourmet. A propriedade, inserida na Rota dos Vinhos Alentejanos, tem…

A família Soares entregou-se a ela de alma e coração e o seu amor ao projecto revela-se até nos mais ínfimos pormenores. À medida que os filhos dos proprietários vão nascendo, nasce também um vinho novo com os seus nomes. É assim, por exemplo, que chega ao mercado o Matilde Malhadinha, homenageando a segunda menina da nova geração da família e que nasceu em 2001, seguindo-se depois o Pequeno João, de nome de João Maria, nascido em 2004. E porque todos têm Maria nos seus nomes, fez-se também o vinho Marias da Malhadinha, actos que reforçam a tradição profundamente familiar da Herdade da Malhadinha Nova. Mas não é tudo.

Às crianças está também reservada a tarefa de desenharem os rótulos, abrindo-se aqui lugar para uma história bem curiosa. Quando Francisca, a mais velha da nova geração, desenhou o rótulo para o vinho Viognier da Peceguina, ilustou-o com um pássaro a fumar. Os pais bem tentaram explicar que aquilo não podia aparecer assim a público, mas Francisca ganhou a sua batalha e a única concessão foi o facto de o pássaro não aparecer no desenho com o cigarro na boca e apenas se ver o fumo.

Aproveitamos e começamos por este Viognier de 2013, que se apresenta muito fresco, com boa acidez, notas de frutos tropicais. Um vinho untuoso, com boa estrutura e boa capacidade de envelhecimento em garrafa. Ainda nos brancos, provámos o Antão Vaz de 2013, uma casta que é muito tropical, a denunciar as notas de ananás e que evidencia uma boca persistente.

Entrando no mundo dos tintos, começamos pelo Matilde Malhadinha 2012, com grande complexidade aromática, estrutura, taninos sedosos e muito elegante. Pode evoluir mais em cave. Quanto ao Pequeno João de 2013 exibe notas de fruta preta, um leve vegetal, muita frescura e elegância na boca. Tem também enorme potencial de envelhecimento. Para outra altura ficam as provas dos tintos Menino António e Monte da Peceguina, para além do Malhadinha Late Harvest.

Grandes vinhos que ganham com a filosofia que lhes está na base; simpático casamento com as crianças que vão nascendo nesta família que salvou a Malhadinha do abandono. 

jmoroso@netcabo.pt

MALHADINHA Late Harvest

Ano: 2010

Região: Alentejo

Casta: Petit Manseng – 100%

ANTÃO VAZ DA PECEGUINA

Ano: 2013

Região: Alentejo

Casta: Antão Vaz

PEQUENO JOÃO

Ano: 2013

Região: Alentejo

Casta: Cabernet Sauvignon

MATILDE DA MALHADINHA

Ano: 2012

Região: Alentejo

Castas: Alicante Bouschet, 

Cabernet Sauvignon, 

Tinta Miúda e Touriga Nacional

VIOGNIER DA PECEGUINA

Ano: 2013

Região: Alentejo

Casta: Viognier