Um lugar ao sol da Caparica

A primeira edição revelou-se um sucesso. Em pleno Agosto de 2014, junto à praia, O Sol da Caparica foi uma aposta, em exclusivo, em músicos da lusofonia. Regressa agora, a partir desta quinta-feira. 

O director artístico e de produção, António Miguel Guimarães, rejeita a ideia de que a receita seja a mesma. “Há semelhanças. O que foi bom é para manter, o que foi menos bom é para descartar”. O que foi bom? “A aposta na música em língua portuguesa, na nacional, na brasileira, na cabo-verdiana, na angolana, com uma novidade importante: todos têm discos ou espectáculos novos, há 33 boas razões para virem aqui”.

António Miguel Guimarães recorda que “o cartaz foi totalmente renovado” em relação à edição inaugural. Relevando que a oferta proporciona “muitas alternativas”, o programador destaca apenas um concerto, o de abertura. “Os primeiros concertos são muito importantes. A Mimicat, por exemplo, tem um futuro muito promissor e um estilo muito próprio”.

De uma forma grosseira, podem dividir-se as propostas do festival em três faixas: os veteranos (Vitorino – acompanhado de uma banda de cubanos, Son Habanero -, Luís Represas, Jorge Palma, Paulo Gonzo, Tim, Resistência, UHF, Xutos & Pontapés, Brigada Victor Jara); os novíssimos, como Agir, Regula, ou DJ Marfox; e o resto da coluna, de Linda Martini a Marcelo D2, de Batida a Paulo Flores, de Paus a Tiago Bettencourt.

Para alguns músicos, a localização do festival apela para as memórias e para os sentimentos. É o caso de António Manuel Ribeiro, o fundador dos UHF. “Canções foram escritas; tiveram lugar sessões fotográficas nas ruas da Caparica para capas de disco; gravámos vídeos na praia; namorámos, vivemos, casámos e até fugimos, para voltar sempre”, recorda, em declarações ao Festival.

Tim vezes três

Já Tim, que recorda ter vivido em Almada e frequentado as praias da Caparica, lamenta que o festival só agora tenha nascido. “Mas mais vale tarde do que  nunca, assim podemos todos aproveitar o sol, a praia e a música!”. O cantor,  que se apresenta três vezes – Resistência, Xutos e em nome próprio – vai estar em palco no dia 14 com João Cabeleira, que vive a pouco metros. Uma estreia: nunca tocaram juntos fora dos Xutos & Pontapés.

Também Carlão e Regula se sentem “em casa”; o primeiro, que nos Da Weasel era conhecido por Pacman, diz que o “evento veio preencher uma lacuna” na sua margem sul; já Regula é presença assídua na Caparica, onde o pai tem casa e a mãe uma roulote no parque de campismo.

Apostas que se mantêm na segunda edição são o domingo como dia da criança e da família (com concertos de Avô Cantigas e Luísa Sobral) com bilhetes a dois euros; a arte urbana, na qual se destaca um mural a ser feito por Robô, “um jovem de 19 anos com um talento extraordinário” (António Miguel Guimarães dixit) e a instalação Debaixo da Língua, em que o público vai poder interagir e recitar poemas resultantes de um conjunto de entrevistas; e a projecção de cerca de 200 curtas de animação do Festival Monstra durante as mudanças de palco.

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