Teresa Rodríguez receia que o “tremor de pernas” de Tsipras chegue ao Podemos

A líder do Podemos da Andaluzia, Teresa Rodríguez, admite que o seu partido pode vir a passar pelo “mesmo tremer de pernas” que o primeiro-ministro grego, Alexis Tsipras, que se demitiu na quinta-feira e defendeu eleições antecipadas.

Teresa Rodríguez receia que o “tremor de pernas” de Tsipras chegue ao Podemos

"Estou aterrorizada com o tremer de pernas de Tsipras, depois de ter conseguido um 'não' claro da cidadania para desobedecer à troika. Tenho medo que isso nos aconteça a nós também", declarou Teresa Rodríguez numa intervenção na VI Universidade de Verão de Anticapitalistas, em Segóvia.

A intervenção da dirigente foi depois reproduzida num comunicado e noticiada hoje pela agência EFE.

O Podemos, que se considera um "partido irmão" do Syriza de Alexis Tsipras, tem vindo a perder fôlego nas sucessivas sondagens e a liderança de Pablo Iglesias tem enfrentado cada vez mais vozes contestatárias entre os principais dirigentes da formação.

Uma das principais críticas é que o Podemos não quer fazer alianças com outras forças políticas de esquerda (à exceção de algumas comunidades autónomas) com vista às eleições gerais do final do ano (ainda sem data marcada).

Teresa Rodríguez (líder do Podemos na maior e mais populosa região de Espanha) é uma das que defende uma candidatura "de unidade popular" nas eleições – como tem sido pedido por plataformas como a Ahora en Común, Izquierda Unida ou forças regionalistas como a Compromís, de Valência. A dirigente andaluza insistiu que é esse o caminho a seguir.

"Façamos um esforço para construir uma candidatura de unidade popular, ao mesmo tempo que fazemos as nossas críticas, porque só assim conseguiremos convencer os nossos companheiros", salientou.

Rodriguez lamentou a falta que faz nas ruas pessoas como as do Movimento 15-M e criticou a "escassa" relevância dos espaços de participação política do seu próprio partido, o Podemos.

"Vamos ganhando, mas não sabemos como dar o xeque-mate ao nosso inimigo e acabar com a partida", realçou a dirigente.

Na votação através da qual as bases do Podemos aceitaram a estratégia eleitoral da direção do partido apenas participaram no processo cerca de 10% dos mais de 375 mil inscritos na formação. Ainda assim, dos 45 mil que votaram 85% aceitou a estratégia, que descarta um acordo a nível global com outras plataformas de unidade popular. Apenas a nível autonómico o Podemos fará alianças.

Na quinta-feira, Tsipras anunciou a sua demissão e apelou à convocação de eleições antecipadas na Grécia, numa declaração ao país através da televisão pública grega.

A demissão surge seis dias depois de o parlamento grego ter aprovado o terceiro resgate financeiro ao país (86 mil milhões de euros), numa votação em que 47 deputados da ala mais radical do Syriza votaram contra.

Na terça-feira, o líder do Podemos publicou no Twitter uma foto sua ao lado de Tsipras (durante um ato de campanha) e a frase, em grego: "Somos amigos e camaradas a lutar por uma Europa democrática, ainda que a alguns não lhes agrade. Syriza Podemos: Venceremos".

Lusa/SOL