A ‘pequena’ Catarina e a grávida Joana

Há uns dias, nos minutos a seguir ao debate entre Paulo Portas e Catarina Martins, escrevi o que pensava sobre o Bloco de Esquerda e a sua coordenadora. Não retiro nada de substancial ao que então escrevi, mas devo reconhecer que me excedi. Em nenhum momento quis ofender ou humilhar alguém que me deve merecer…

Volto a página. De Joana Amaral Dias, tudo se foi dizendo. De todas as coisas óbvias, acrescento uma. Os casos, a que somo a greve de fome de Eurico de Figueiredo, não têm qualquer importância, provam apenas a forma como um certo grupo de pessoas vê a política, olha para os eleitores e ludibria jornalistas e agendas mediáticas. Entre a pose sexual de Joana e a indignação febril de Eurico há um elo comum: um e o outro querem desesperadamente aparecer. E para isso jogam com o que têm à mão, a Joana com a sua maternidade e Eurico com os métodos ‘analógicos’ que reconhece.

Os dois têm razão numa coisa. O jornalismo é muitas vezes uma caixa-de-ressonância de um mundo de impulsos, piadolas e fait divers. Voltarei nos próximos dias ao jornalismo. Um mundo mascarado de novela em que as pessoas reais ganham espessura mediática apenas quando se transformam em personagens. Gente que depois se habitua aos holofotes e às máscaras que escondem a cara que um dia foi original. Talvez Joana Amaral Dias precise de se sentar num divã psicanalítico. E talvez Eurico Figueiredo procure os vestígios do jovem idealista que desejava mudar o mundo. Uma cura de silêncio faria bem aos dois. Para poderem regressar sem truques de circo baratos. Eles não merecem isto de si próprios.