Croácia diz que não tem capacidade para receber mais refugiados

O ministro do Interior da Croácia, Ranko Ostojic, advertiu hoje que o seu país deixou de ter capacidade para continuar a receber refugiados, após a entrada de 7.000 pessoas na quarta-feira, provenientes da Sérvia. 

Croácia diz que não tem capacidade para receber mais refugiados

"Neste momento esgotámos a nossas capacidades e nas conversações com dirigentes do ACNUR [Alto Comissariado da ONU para os Refugiados] e da União Europeia [UE] dissemos que a Croácia está cheia", declarou Ostojic à agência noticiosa croata Hina.

Em paralelo, e segundo a página digital da BBC, centenas de imigrantes tentaram hoje brevemente, e sem sucesso, romper o cordão policial colocado em Tavornik, na fronteira entre a Sérvia e a Croácia. Após momentos de tensão, a situação acabou por acalmar.

O ministro croata emitiu este aviso no posto fronteiriço de Tavornik, onde continuam a chegar refugiados após o encerramento da fronteira húngara e que forçou a vaga de migrantes, provenientes do Médio Oriente e Ásia, a procurar uma rota alternativa.

Ostojic indicou que quem pretender requerer asilo será conduzido para um centro de registo em cumprimento das normas europeias, e quem não pretenda solicitá-lo será considerado imigrante ilegal.

Deste modo, parece afastado o anúncio inicial das autoridades croatas de permitir uma passagem rápida do seu território até outros países mais ricos da UE.

"Não somos um país em que num certo momento não possa ser solidário, mas neste momento pedimos [aos restantes países de onde provêm os refugiados] que parem a afluência", disse.

"Não é aceitável que a Croácia seja tratada como um país em que se devem respeitar os acordos internacionais e que isso não seja feito nos países vizinhos que estão a ser atravessados pelos imigrantes", explicou.

O número de chegadas à fronteira croata superou quase no dobro as previsões do Governo de Zagreb, que tinha calculado a chegada nos próximos dias de 4.000 refugiados no seu percurso em direção à Eslovénia, para depois seguirem pela Áustria em direção à Alemanha ou países escandinavos.

Ranko Ostojic tinha antes referido que a Croácia podia "responder a uma primeira vaga de 1.500 refugiados por dia", mas sem deixar de precisar que seriam acionados novos dispositivos caso este número aumentasse.

Já a chefe da diplomacia de Zagreb, Vesna Pusic, advertiu que o país pode enfrentar a chegada de vários milhares de refugiados, mas não de dezenas de milhares.

A televisão estatal sérvia RTS informou que durante a noite de quarta-feira para quinta-feira chegaram à fronteira croata 40 autocarros e 180 táxis com refugiados, que depois cruzam a pé a fronteira servo-croata, e que estavam a chegar mais migrantes.

A partir da fronteira, os refugiados são conduzidos em comboios e autocarros para centros de acolhimento.

Na quarta-feira a Croácia manifestou a disposição em estabelecer corredores que permitam aos refugiados cruzar de forma rápida e organizada o seu território a caminho do norte. 

O primeiro-ministro croata, Zoran Milanovic, criticou duramente a política da Hungria face aos refugiados ao considerar que "os muros que se erguem não apenas nada detêm, mas também enviam uma mensagem horrorosa e perigosa". 

Lusa/SOL