Netanyahu disse que ‘Hitler não queria matar os judeus. Só os queria expulsar’. Merkel corrigiu-o

O primeiro-ministro israelita está envolto em polémica e de todo o lado chovem críticas às suas declaraçãos. E a razão até é fácil de perceber.

Netanyahu disse que ‘Hitler não queria matar os judeus. Só os queria expulsar’. Merkel corrigiu-o

Para Benjamin Netanyahu, o mentor do Holocausto não foi Hitler mas sim o Grande Mufti de Jerusalém, Haj Amin al-Husseini, que ao facto de ser um líder muçulmano acrescentava o nacionalismo palestiniano.

“Na época, Hitler não queria exterminar os judeus, mas sim expulsá-los”, afirmou o governante, acrescentando: “Mas Haj Amin al-Husseini foi encontrar-se com ele e disse-lhe: ‘Se os expulsar, eles vão todos para a Palestina’”. E como Hitler lhe terá perguntado o que fazer então, o mufti terá respondido: “Queime-os”.

Esta história foi contada pelo próprio primeiro-ministro israelita no 37.º congresso sionista mundial, em Jerusalém.

Segundo Netanyahu, as declarações tinham o objetivo de refutar as acusações de Israel querer ocupar lugares santos do Islão, que se encontram em Jerusalém.

As reações não tardaram e o líder da oposição em Israel, Isaac Herzog, escreveu no Facebook que as palavras de Netanyahu eram “uma deformação histórica perigosa” e que o governante deveria retratar-se “imediatamente”.

Do rival natural chegaram também, sem surpresa, críticas, e o secretário-geral da Organização de Libertação da Palestina (OLP) rejeita as afirmações de Netanyahu. “É triste que o líder do governo israelita odeie tanto o seu vizinho que esteja disposto a absolver o maior criminoso de guerra da História, Adolf Hitler, da morte de seis milhões de judeus durante o Holocausto”, cita o Guardian.

Na Alemanha, o porta-voz da chanceler Angela Merkel, Steffen Seibert, disse que todos os alemães conhecem a história do genocídio nazi. “Isto é ensinado nas escolas por uma boa razão, para que nunca seja esquecido”, afirmou, acrescentando que a responsabilidade era “da Alemanha e dos alemães”.

Mais tarde, numa conferência de imprensa conjunta, entre Netanyahu e Merkel, a chanceler não fugiu ao assunto e sublinhou que na sua cabeça era “muito claro” que a responsabilidade do Holocausto pertencia aos soldados alemães.

Já Netanyahu defendeu as declarações dizendo que não pretendia “absolver Hitler da sua responsabilidade”, mas sim “demonstrar que o pai da nação palestiniana queria destruir os judeus ainda antes da ocupação”.