na semana passada, espanha tremeu ao saber do internamento do monarca, que no sábado foi operado a uma fractura da bacia. no entanto, o verdadeiro sismo viria alguma horas depois, quando o país descobriu ‘como’ tinha o rei sofrido o acidente: na sexta-feira, juan carlos tinha tropeçado numa escada da residência de luxo do botswana, onde estava hospedado desde 9 de abril a praticar caça grossa.
e, então, espanha indignou-se por o rei não só estar ausente quando o país atravessa as piores semanas de sempre, mas também porque a caça grossa – além de pouco recomendável do ponto de vista ambiental – é tudo menos barata.
na secção de viagens do el corte inglés é possível organizar toda a viagem e os preços são tudo menos acessíveis: um pacote de sete dias em limpopo, na áfrica do sul, com garantia de matar oito animais de vários portes custa pouco mais de 6.200 euros. caçar os gigantes da selva africana, no entanto, fica ainda menos em conta: se caçar uma girafa custa 2.200 euros, já um búfalo não fica por menos de 12.500.
depois da tormenta, um pouco de bonança
depois de ter sido alvo de uma chuva de críticas vinda não só da imprensa, mas também de dirigentes do psoe e, nos bastidores, até de membros da direita monárquica, juan carlos parece ter conseguido, pelo menos, acalmar ânimos.
fontes internas da casa real espanhola avançaram já que a atitude da família real, em geral, e do rei, em particular, vai mudar e tornar-se mais transparente, para além das contas da família real, que já são conhecidas, agora é a agenda do rei se vai passar a ser de domínio público. as caçadas em áfrica, sem dúvida, banidas dessa agenda.
o sinal foi dado, desde logo pelo pedido de desculpas feito por juan carlos à saída do hospital. com 11 palavras apenas, o monarca estabeleceu um ponto de viragem, ‘lamento, não volta a acontecer’ não é expressão que o rei use em público, muito menos na televisão nacional.
