Vencedor de Óscar estreia documentário sobre extinção em massa

O realizador Louie Psihoyos, autor do documentário “Racing Extinction”, que será emitido em 2 de dezembro em mais de 220 países, disse hoje à Lusa que “somos a última geração que pode evitar uma extinção em massa”.  

Psihoyos, que ganhou um óscar em 2009 com o documentário "The Cove", sobre a caça de golfinhos no japão, explora agora a realidade de uma extinção em massa causada pela mão humana.

Alguns cientistas consideram que o mundo está a iniciar a sexta extinção em massa, com os animais a desaparecerem a um ritmo 100 vezes superior ao normal. Desde o fim da era dos dinossauros, há 66 milhões de anos, que o planeta não perdia espécies a um ritmo tão rápido.

"Na sua ambição e na sua abrangência, o 'Racing Extinction' é como o 'The Cove' depois de tomar esteroides", disse o produtor, Fisher Stevens, à Lusa. 

No documentário, uma equipa de artistas e ativistas embarca numa operação para expor o mundo secreto do tráfico de espécies ameaçadas e a corrida para a prevenção de uma extinção em massa.

Expondo mercados negros e utilizando tecnologia de ponta para documentar a ligação entre as emissões de dióxido de carbono e a extinção das espécies, o documentário produz imagens inéditas.

"O Dióxido de Carbono é como esta coisa imaterial, que ninguém vê, por isso é fácil ignorar. Mas usámos câmaras que foram desenvolvidas especificamente para o filme, em que se pode ver o gás. De repente, não se pode fingir que não existe", disse o realizador.

O documentário inclui imagens da última árvore da sua espécie a cair, e o som do último pássaro O'o, do Hawaii, a fazer um canto de acasalamento.

"Com 'The Cove', conseguimos mudar a realidade. Antes do documentário, os japoneses caçavam cerca de 23 mil golfinhos por ano, agora o número desceu 75 por cento, para cerca de 6 mil", disse o realizador.

"(Com o novo documentário) queremos criar uma campanha que mostra que cada pessoa pode ser a mudança. Se cada pessoa nos EUA deixar de comer carne, ovos e queijo um dia por semana, isso equivale a tirar 7,6 milhões de carros da estrada para sempre", disse Louie Psihoyos, que é presidente da Oceanic Preservation Society e trabalhou quase duas décadas para a National Geographic.

A data da exibição mundial de "Racing Extinction", 2 de dezembro, no canal Discovery, foi escolhida para coincidir com a realização entre 30 de novembro de 11 de dezembro em Paris da cimeira das Nações Unidas sobre Alterações Climáticas (COP21), que pretende alcançar um acordo global sobre redução de emissões de gases com efeito de estufa.

"Temos muita esperança num acordo. Acho que podemos ajudar a que isso aconteça. Vamos ter uma audiência estrondosa. Num só dia, mais pessoas vão ver o 'Racing Extinction' do que todas as que viram 'The Cove'. Se todas contatarem os seus representantes, fizerem-se ouvir, pode acontecer um acordo significativo", disse o realizador. 

O produtor Fisher Stevens acredita que a questão económica, que tem atrasado uma mudança, começa a ser ultrapassada.

"A energia solar e eólica está muito mais barata. A energia verde já é uma enorme indústria, que gera muito dinheiro. À medida que isso for acontecendo, menos obstáculos vão existir", defendeu.

Stevens deu o exemplo de um dos patrocinadores do documentário, o dono do Empire State Building, que investiu 23 milhões de dólares para tornar o icónico edifício amigo do ambiente e recuperou o investimento em apenas quatro anos. 

Lusa/SOL