A América de moda, mesmo no seu pior

Compreendo que o mundo assista às eleições americanas, mesmo desde as primárias, com mais empenho que nalguns casos segue as do próprio País. Com a atual liderança europeia, alguns países menos importantes da UE têm as suas próprias instituições políticas de topo (chefia de Estado, Governo , etc.) a contarem menos do que o Presidente…

Mas ver o que lá se passa é uma coisa. Querer importar tudo, numa moda americana sem tino, é outra. Lá porque eles pensam dar-se bem com as primárias, porque havemos nós de as importar? É que nem assim evitam apanhar com alguns candidatos completamente indesejáveis, como Donald Trump, e talvez os apanhem mesmo por causa das primárias. Entretanto, uma figura mais transversal e consensual como Marcelo Rebelo de Sousa, talvez não conseguisse passar nas primárias só de um lado. E depois de fazerem o mundo aturar com eles um George W. Bush por 8 anos seguidos, o mundo ainda continua fascinado com aquilo!.

Há dias reparei, com surpresa, que os EUA não estão, nem de perto, entre os países com maior produtividade. Pensando bem, nem me deveria surpreender com isso. Mas penso que me levaram à surpresa, com a ideia de que, pelo menos nos indicadores capitalistas, os EUA deveriam estar em primeiro. Pois não estão.

Reparei entretanto que George Steiner (n.1929), um crítico literário americano e filósofo nascido e educado em França – enfim, considerado com Harold Bloom o grande canonista da literatura universal –, sem qualquer suspeita de comunista, afirmava preferir de longe o ensino soviético (quando ele ainda existia) ao dos EUA. Steiner sustentava, e bem, que os grandes cientistas americanos são nascidos e educados em países com melhor formação e educação (como o caso dele), e apesar de terem fama de possuírem as melhores escolas estas nunca produziram um grande criativo da ciência. Mas lá temos os fascinados da Europa, naturalmente também com grandes defeitos de formação, a quererem convencer-nos que os EUA têm os melhores sistemas de tudo. Até procuramos comparar-nos com eles, acabando com os benefícios sociais europeus, que nos põem quase na mesma posição deles quanto ao preço da produtividade. Parece ser incontido o deslumbramento por fortunas rápidas, por pouco sustentáveis que se venham a revelar (algumas, como a de Bill Gate, torna-se clássica).