Gulbenkian: CAM passa a museu

A Fundação Calouste Gulbenkian anunciou ontem que a partir de Junho o CAM (Centro de Arte Moderna José de Azeredo Perdigão) passará a integrar o Museu Gulbenkian e a ser designado por Coleção Moderna. Já o atual museu passa a Coleção do Fundador. A decisão faz parte de um plano de integração da gestão dos…

Num pequeno-almoço com a imprensa, a administradora Teresa Patrício Gouveia notou que o objetivo é aumentar a visibilidade do CAM e fazer dele um espaço com uma coleção permanente, que permita “ter uma visão alargada do que é a arte portuguesa do século XX e XXI. Hoje a coleção moderna é uma coleção importante pela sua dimensão e justifica o caráter museológico deste novo formato”. Questionada sobre se a integração permitirá poupar dinheiro, a administradora revela que “ainda não foram feitas as contas, mas a decisão foi tomada independentemente disso”.

O processo, acrescenta Teresa Patrício Gouveia, foi acelerado pela saída antecipada da curadora Isabel Carlos do CAM, prevista para 2017.

‘Não queria uma integração burocrática’

“Gostaria de continuar em português mas não falo suficientemente bem”, começou a nova diretora do Museu. Já em inglês, Penelope Curtis sublinhou que não queria que esta “fosse apenas uma integração burocrática, mas sim que fosse conceptual e intelectual”. Sobre a mudança de estatuto e de nome, a escocesa explicou que “nos anos 70 estes eram espaços experimentais. Chamaram-lhes centros porque as pessoas tinham medo de um título mais duradouro. Tinham medo do nome museu”. Só que, continua a responsável – e fala por experiência própria – para os estrangeiros “o acrónimo CAM não significa nada”.

Curtis, que sucede a João Castel-Branco Pereira, foi escolhida por concurso internacional. “Soube desta oportunidade porque fiz parte do painel que iria entrevistar os candidatos. Para me preparar li a descrição do trabalho e achei muito interessante”. Assumiu a direção conjunta do CAM e do museu a 1 de Janeiro e tem contrato até ao final de 2020.

A ocasião serviu também para apresentar a programação dos próximos meses. Destaca-se a exposição comemorativa dos 60 anos da Fundação (em Junho) – que terá como epicentro o ano de 1956 e apanhará seis décadas para trás e outras seis para a frente – e o Festival de Verão. “Vamos convidar artistas portugueses e estrangeiros para mostrarem obras no museu”, anuncia Curtis. “Mas chamamos-lhe convidados, para deixar bem claro que não é para ficarem para sempre”.