Mas Don Vito Corleone não nos deixará assim tão facilmente. Ao primeiro filme, de 1972, seguem-se as outras duas partes da saga, que nos fins de semana seguintes darão lugar a uma nova trilogia que nos levará de volta a 1979 para Alien, O Oitavo Passageiro. Tudo isto sempre patrocinado por Nuno Markl, que fará a apresentação de todos os filmes.
São as décadas de 70, 80 e 90 revisitadas pelo cinema, com os filmes que já vimos, os que não vimos e queríamos ter visto – ou os que não queríamos até, mas vamos ver.
Até quando? Até onde der. Tiago P. Carvalho, realizador de Nirvana – O Filme, tinha este desejo já há uns dez anos, já comprou os direitos de exibição de mais ou menos uns 150 filmes. O que quer dizer que há filmes que cheguem e sobrem para uns bons anos ainda, com a boa notícia de que o bilhete custa apenas 2,50 euros.
«Enquanto o Fórum Lisboa me ceder a sala, vou passá-los a todos. Isto faz falta, é uma coisa que existe em vários países e as salas estão cheias», diz Tiago neste auditório que aos fins de semana voltará a ser o cinema que deixou de ser há muito tempo, onde nos encontrámos para falar sobre o CinePop e esta lista de 150 filmes, mais ou menos infindável e que tem lugar para tudo. Para todos os ArmaMortífera, Gremlins, Assassinos Natos, Top Gun, Os Intocáveis, Forrest Gump, Predador, Scarface, O Grande Lebowski, The Blues Brothers, Ases Pelos Ares, Nascido a 4 de Julho, Chinatown, Trainspotting, Rocky e tudo o mais o que houver entre 1970 e 1999 para ver, incluindo uma retrospetiva da obra de Tarantino respeitante a estes anos – é estar atento à programação em facebook.com/CinePopLx. Uma coisa que o mentor do projeto quer deixar clara é que isto não é a seleção dos seus filmes preferidos. «Há muitos filmes que vão passar aqui que eu nunca vi e que vou aproveitar para ver. Em tom de brincadeira, até costumo dizer que fiz esta sala para eu ver filmes».
Regresso ao Roma
Além de tudo, o CinePop «é também a experiência de vir ao cinema sem ir a um shopping», lembra Tiago. Inaugurado em 1957 e com capacidade para 1107 pessoas, o Roma era um dos grandes daquela época, num edifício exemplar da arquitetura do Estado Novo. Como cinema funcionou até ao final da década de 80, quando encerrou e passou a funcionar como armazém, para depois ser salvo pela câmara de Lisboa, que comprou o edifício para o transformar em Fórum Lisboa, local que acolhe as reuniões da Assembleia Municipal mas que continua preparado para a exibição de filmes – ainda que só agora com o CinePop isso vá acontecer de forma regular.
Tiago é um defensor não só do cinema de rua, também do cinema antes de jantar, outra coisa que caiu em desuso. «O que eu digo às pessoas é que venham uma hora antes, comprem o bilhete e vão tomar um café, beber uma cerveja, dar uma volta por aqui. Essa é uma experiência diferente que já quase não se faz porque as pessoas têm todas a mania de ir ao cinema depois do jantar, antes do jantar não se vai». Coisa que o próprio diz fazer com muita frequência com os amigos. «É muito mais fixe irmos ao cinema ao final da tarde e depois irmos jantar e para os copos». É essa a proposta do CinePop, com as suas sessões que, ao sábado ou ao domingo, serão sempre à tarde. É aproveitar a oportunidade, senhoras e senhores, que grandes sucessos comerciais em cinemas de rua não são coisa para acontecer assim tantas vezes.