Sabia que é possível “programar” o seu cérebro para deixar de fumar?

Cientistas da Universidade de Duke descobriram que é possível treinar os neurónios do cérebro responsáveis pela “motivação”

Em 1968, o escritor Philip K. Dick, no seu romance que deu origem ao filme “Blade Runer”, “Sonham os androides com ovelhas elétricas” , imaginou uma máquina que podia manipular as emoções e conseguir passar de estados de depressão até à euforia. Não foi caso único na literatura de ficção científica, outro escritor de trailers científicos, Michael Crichton, no seu livro “O Homem Terminal” imaginava um pequeno computador introduzido no cérebro e que estimulava eletricamente as zonas de prazer perante comportamentos positivos. Parece que a realidade supera a ficção.

Os cientistas da Universidade de Duke, nos Estados Unidos da América, descobriram que é possível treinar os neurónios que se encontram na área tegmental ventral (ATV) que é responsável para ativar a motivação. O desafio que se colocaram é se era possível treinar esses neurónios, e se era possível “hackear” o nosso cérebro para conseguir uma maior motivação.

Os indivíduos foram submetidos a provas divididas em três partes. Na primeira, pediu-se que tentassem ativar a sua ATV para se automotivarem, coisa que se mostraram totalmente incapazes de fazer. Na segunda parte da prova, o objetivo era o mesmo, só que desta vez tiveram acesso a visualizar num ecrã a sua atividade cerebral em tempo real, e assim perceberem o que era necessário para ativar a ATV. Desta vez as 73 pessoas envolvidas no teste conseguiram automotivar-se e colocar a ATV mais ativa. Na terceira parte do teste, foram retirados novamente os ecrãs, mas as pessoas continuaram, depois de terem aprendido, a estimular a ATV e a automotivarem-se para determinadas tarefas.

Ignacio Obeso, neurocientista ouvido pelo jornal “El Mundo”, valorizou o caminho aberto por esta descoberta, segundo ele não só poderia ser um método fundamental para ajudar doentes com depressão e até com problemas cognitivos como o Alzheimer, “como com um maior desenvolvimento destas técnicas se poderia esculpir determinadas regiões do cérebro, para conseguir um maior controlo das emoções e dos comportamentos”, assegura o cientista que pensa ser possível que este espécie de reprogramação cerebral ajudar pessoas a deixar de fumar, a cumprir dietas e ir ao ginásio.