EUA: indisciplina não condiz com desporto

“Como dissemos anteriormente, o comportamento destes atletas é inaceitável”, dizem os americanos

Ryan Lochte, 12 vezes medalhista olímpico ficou conhecido, nesta edição dos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro, por outras razões que nada têm a ver com a sua performance dentro de água, com a qual conseguiu conquistar uma medalha de ouro.

O mais aclamado nadador dos Jogos Olímpicos – depois de Michael Phelps – já conhece o castigo por parte do Comité Olímpico dos Estados Unidos e da Federação de Natação depois da mentira em relação a um assalto – do qual teria sido vítima – durante uma festa no Rio de Janeiro. 

Recorde-se que depois de uma noite de festa (e muitos copos) com outros nadadores norte-americanos – que pertenciam à sua equipa – Lochte decidiu dirigir-se à esquadra para apresentar uma queixa por assalto à mão armada. O incidente “aterrador” deu que falar, apesar de o nadador ter conseguido sair do local sem marcas (físicas). O problema veio depois. Com a polícia brasileira em cima do acontecimento surgiram cada vez mais dúvidas e incertezas sobre o ocorrido. Depoimentos contraditórios e falta de provas vinham, dias depois, confirmar que tudo não passou de uma mentira de Ryan Lochte e companheiros. E porquê? Os festejos à medalha de ouro, conseguida por Lochte, foram longe demais. Já depois de abandonar o local da festa, o grupo parou numa bomba de gasolina e o comportamento apresentado não foi o mais adequado. As casas de banho do posto de serviço acabaram vandalizadas por Lochte, Gunnar Bentz, Jack Conger e James Feigen que, depois, decidiram fazer as suas necessidades na rua. Um vídeo, capturado pelas câmaras de vigilância, arruinou toda a história inventada pela equipa norte-americana que já está a par das sanções.

Aos 32 anos o nadador vai ficar afastado das competições nos próximos dez meses. O que significa que Lochte não vai poder participar em competições nacionais ou internacionais até junho de 2017. Lochte não vai marcar presença nos Campeonatos Nacionais dos Estados Unidos e, consequentemente, não vai conseguir classificar-se para os Mundiais. Se já parece castigo suficiente para um nadador profissional, ainda há mais. E pior.

Durante os dez meses em que estará a cumprir a sanção, Lochte fica também sem direito às bolsas de estudo e às remunerações que recebe – incluindo a parte a que tinha direito pela obtenção da medalha de ouro nos 4x200m, no Rio.

Mas ainda não é tudo. Lochte fica de fora da receção que a Casa Branca fará à equipa de natação norte-americana e ainda terá de cumprir 20 horas de trabalho comunitário. Os patrocínios, esses, já lhe tinham dito ‘tchau’ há mais tempo. Depois de ter sido comprovado que o depoimento de Lochte era falso várias marcas – entre elas a Ralph Lauren – rescindiram o contrato com o atleta.

Gunnar Bentz, Jack Conger e James Feigen, os restantes nadadores que acompanharam Lochte na noite do suposto assalto, também foram sancionados. No entanto aos ‘cúmplices’ de Lochte foi atribuída uma suspensão de quatro meses.

“Como dissemos anteriormente o comportamento destes atletas foi inaceitável. Danificou, injustamente, a imagem e reputação dos anfitriões assim como da equipa norte-americana”, afirmou Scott Blackmun, CEO do Comité Olímpico norte-americano que assegurou que os atletas reconheceram as responsabilidades e aceitaram as consequências.

Suspensa pela própria seleção No plano feminino, temos Hope Solo. A guardiã da seleção americana foi suspensa durante seis meses pelo comportamento adotado depois do jogo frente à Suécia. Irritada, Solo não se privou de dizer o que lhe ia na alma. Depois da derrota dos penáltis e à conta do estilo defensivo das suecas, Solo não hesitou em definir a seleção adversária como um “bando de cobardes”. Derrotada na meia-final olímpica, quem não perdoou o comentário da guarda-redes foi a própria seleção americana por não seguir o “padrão de comportamento da entidade”. 

Hope Solo aceitou a decisão e adiantou que o tempo de descanso pode ser bom para “aliviar o stress dos últimos meses”.

No entanto, e ao contrário de Ryan Lochte, a suspensão só é válida no que diz respeito à seleção. Menos mau para Hope, que continua com esperança em ganhar títulos pelo Seattle Reign FC, clube que defende.
Os castigos já não são novidade para esta jogadora que em 2015 havia sido punida em 30 dias de suspensão por mau comportamento. Na altura não foi dada nenhuma explicação para o castigo.