Corrupção na Força Aérea. Cinco militares detidos esta manhã

Em causa estão pagamentos ilegais que podem ascender a 10 milhões de euros

Corrupção na Força Aérea. Cinco militares detidos esta manhã

Foram detidos esta manhã cinco militares no âmbito da investigação a um esquema fraudulento de sobrefaturação dos alimentos comprados para as messes do Estado Maior da Força Aérea, algo que seria acordado entre os fornecedores e os elementos que fiscaliza as respetivas messes. Na Operação Zeus estão em causa os crimes de corrupção ativa e corrupção passiva para ato ilícito e de falsificação de documentos.

De acordo com a Unidade de Combate à Corrupção da PJ, “a atividade criminosa consistia na faturação de géneros alimentícios fornecidos à Força Aérea por um valor muito superior ao dos géneros efetivamente fornecidos, sendo a diferença posteriormente distribuída, entre as empresas fornecedoras e os militares envolvidos neste esquema fraudulento que, poderá ter lesado o Estado num valor que, segundo se estima, poderá rondar os 10 Milhões de euros”.

Em comunicado enviado às redações, a Procuradoria-Geral da República lembrou esta manhã que “o inquérito se encontra em segredo de justiça".

Realizadas 180 buscas e 300 investigadores

Durante a manhã foram realizadas 180 buscas a 12 bases, 15 empresas e em várias habitações. Ao SOL fonte da PJ explicou que no decurso das diligências foram apreendidos vários documentos relevantes para a investigação e dinheiro que se pensa ser resultado do esquema.

“Nesta operação, desencadeada depois de um ano e meio de uma complexa investigação da PJ, com a colaboração da PJM, participaram cerca de trezentos e trinta investigadores e peritos da Polícia Judiciária, de diversas unidades orgânicas, acompanhados por cerca de quarenta elementos da Polícia Judiciária Militar, bem como vinte e sete magistrados do Ministério Público”, adianta fonte oficial da PJ.

A investigação terá contado com a colaboração da Força Aérea nesta investigação. Os detidos serão presentes a tribunal nas próximas horas.

Segundo fonte a Procuradoria-Geral da República no ambito deste inquerito do DIAP de Lisboa foram ainda emitidos vários mandados de detenção.

A PGR esclarece ainda que "participam na operação vinte e sete magistrados do Ministério Público, cerca de três centenas de elementos da Polícia Judiciária (PJ), cerca de quatro dezenas de elementos da 

Polícia Judiciária Militar e trinta peritos da Unidade de Perícia Financeira e Contabilística e
da Unidade de Tecnologia e Informação da PJ".

O esquema de corrupção

De acaordo com a investigação existem indicios "de que, pelo menos, desde o ano de 2015, algumas messes da Força Aérea serem abastecidas com géneros alimentícios, cujo valor a pagar, posteriormente, pelo Estado Maior da Força Aérea, seria objeto de sobrefaturação". O MP adianta ainda: "Tal sucederia por acordo entre militares que trabalham nas messes, fornecedores dos géneros alimentícios e um elemento do departamento do Estado Maior da Força Aérea com funções de fiscalização das referidas messes. Assim, com a concordância destes intervenientes, os fornecedores de diversas empresas entregariam determinadas quantidades de alimentos, mas, o valor faturado, no final de cada mês, seria cerca de três vezes superior ao dos bens entregues na realidade. A diferença entre o valor faturado e o dos produtos efetivamente fornecidos seria dividida pelos elementos envolvidos."

Em causa estão suspeitas da prática dos crimes de corrupção passiva, de corrupção ativa e de falsificação de documento.

A PGR informou esta manhã que na investigação, o Ministério Público é coadjuvado pela Unidade Nacional de Combate à Corrupção da PJ e pela Polícia Judiciária Militar.

"O inquérito encontra-se em segredo de justiça", referiu a mesma fonte.