Turquia ameaça abrir portas a mais de três milhões de refugiados

Ancara ameaça rasgar acordo que atenuou a crise europeia dos refugiados. “O ocidente precisa da Turquia”, lembra Erdogan. 

O presidente turco reagiu à proposta de congelar o processo da adesão da Turquia à União Europeia ameaçando romper o acordo de contenção de refugiados e abrir portas aos mais de três milhões de deslocados que vivem no país e reacender a crise europeia que quase destruiu Schengen e provocou o crescimento de partidos populistas antimigração. 

“Se a Europa for demasiado longe, vamos permitir aos refugiados passar pelos portões da fronteira”, afirmou esta sexta-feira Recep Tayyip Erdogan, um dia depois de o Parlamento Europeu ter aprovado congelar a adesão turca à comunidade europeia.

“Não se esqueçam que o ocidente precisa da Turquia”, acrescentou Erdogan, aludindo ao facto de que, desde que o acordo de contenção de refugiados foi assinado, o número de requerentes de asilo a chegar às costas gregas caiu abruptamente (menos de 90% do que o pico do último verão). 

O acordo de contenção de refugiados foi assinado em março, num momento em que Bruxelas – e, particularmente, a Alemanha – estava sob grande pressão pelo fluxo de refugiados que tentavam chegar aos países do norte europeu. Só no último ano, chegaram à Alemanha mais de 800 mil requerentes de asilo. 

A Turquia comprometeu-se então a patrulhar atentamente as suas costas, em busca de redes de tráfico humano. Em troca, a União Europeia prometeu enviar seis mil milhões de euros como ajuda para cuidar dos mais de três milhões de refugiados que hoje vivem no país.