Comandos. “É necessário rever os programas de formação”, conclui relatório do Exército

Foram hoje conhecidas as conclusões da inspeção técnica extraordinária pedida pelo Exército ao 127 curso de Comandos após a morte de dois instruendos

O Exército tinha prometido os resultados do inquérito para a segunda semana de dezembro e cumpriu: foram hoje divulgadas as conclusões da inspeção técnica extraordinária ao 127 curso de Comandos, levada a cabo após a morte de dois instruendos. Rever os “procedimentos relativos às entrevistas clínicas”, “reforçar a formação de formadores e comandantes em socorrismo”, “rever e adaptar os programas de formação” e “reforçar a preparação de formandos e formadores em matérias de saúde” foram algumas das conclusões da inspeção pedida pelo chefe do Estado-Maior do Exército (CEME), general Rovisco Duarte.

Mas a ‘lista de revisões’ não ficou por aqui. Para a equipa de inspetores – que reuniu com “especialistas em medicina, educação física, psicologia e em metodologias de formação em contexto militar” – é necessário ajustar e melhorar quase tudo, desde as entrevistas clínicas e bateria de exames feitos aos candidatos até “à conjugação do treino físico militar do treino físico militar com as restantes atividades de formação com características físicas, com vista a otimizar-se a relação carga física e período de recuperação”. Neste ponto, aliás, os inspetores realçam que é necessário fazer a “compensação alimentar adequada ao esforço físico” e desaconselham o “racionamento de água”.

Relativamente à gestão do risco, o relatório conclui que é necessária uma melhor preparação tanto dos instruendos como dos formadores em matérias de saúde. Para o Exército, isto permitiria aos indivíduos “uma melhor identificação dos sinais de alerta de sintomas de falência física e formas de mitigação da sua ocorrência”.

Os inspetores consideraram ainda que os programas de formação do curso de Comandos devem ser revistos e adaptados “em conformidade com a metodologia estipulada pela nova doutrina de formação do Exército definida em 2013”.

A inspeção – que decorreu entre setembro e novembro – refere-se apenas, realça o Exército, “às provas de classificação e seleção e aos referenciais dos cursos de Comandos” e não à morte dos dois instruendos. As circunstâncias da morte de Hugo Abreu e Dylan da Silva estão a ser investigadas num inquérito que corre à parte, dirigido pelo Ministério Público que, dadas as circunstâncias, está a ser coadjuvado pela Polícia Judiciária Militar. 

Os novos cursos de Comandos mantêm-se, entretanto, cancelados.