Inteligência artificial entra em força na saúde

Organização filantrópica do CEO do Facebook comprou empresa para auxiliar cientistas na sua investigação. Ferramenta vai ser gratuita

A organização filantrópica de Mark Zuckerberg e Priscilla Chan vai comprar a Meta, uma startup de inteligência artificial (IA) e tecnologia de análise de dados para a indústria da saúde. O objetivo é que seja mais fácil para os cientistas procurarem, lerem e relacionarem os muitos milhões de artigos científicos existentes. Daqui a alguns meses, e depois de a promover, a Chan Zuckerberg Initiative (CZI) vai disponibilizar esta ferramenta de forma gratuita.

A CZI não revelou os termos do acordo da aquisição da startup baseada em Toronto, Canadá, fundada em 2010 e até agora financiada com 7,5 milhões de dólares por vários investidores.

Num post no Facebook, os responsáveis científicos e tecnológicos da CZI revelaram que a “CZI chegou a acordo para comprar a Meta, uma empresa que de-senvolveu IA para ajudar os cientistas a lerem, perceberem e darem prioridade a milhões de artigos científicos. Acreditem ou não, esta não é uma tarefa fácil. Só no campo da biomedicina são publicados 4 mil artigos todos os dias”.

De acordo com a publicação, “a Meta utiliza a AI para analisar e interligar perspetivas de milhões de artigos. Seleciona os estudos mais relevantes ou com maior impacto em determinada área científica no momento em que são publicados e encontra padrões na literatura numa escala que é impossível a qualquer humano conseguir sozinho”.

A especialidade da Meta é a utilização de tecnologias de IA, como o processamento de linguagem natural e aprendizagem de máquinas, para explorar milhares de artigos científicos e tecnológicos e identificar quais serão os mais importantes para os profissionais de saúde.

O CEO da Meta revelou que, ao juntar–se à CZI, será mais fácil para a sua equipa trabalhar com académicos e investigadores do que como startup. “Ajudar os cientistas vai produzir um círculo virtuoso, uma vez que estes desenvolvem novas ferramentas que, por sua vez, dão origem a novas oportunidades para um progresso mais rápido”, disse Sam Molyneux.

Segundo o responsável, o reconhecimento pela CZI deste efeito “meta” é a razão pela qual “a empresa pode ser uma peça-chave na promoção do futuro da saúde humana que acreditamos ser possível neste século”.

Os dirigentes da CZI defendem também que as “ferramentas da Meta podem acelerar muito o progresso científico e levar–nos mais próximo do nosso objetivo: apoiar a ciência e a tecnologia que tornarão possível curar, prevenir ou tratar todas as doenças até ao final do século”.

A organização filantrópica foi criada em dezembro de 2015, depois do nascimento da filha do CEO do Facebook e da sua mulher, Priscilla Chan. Na altura, Zuckerberg e Chan prometeram doar 99% dos rendimentos da sua parte no Facebook, na altura avaliados em 45 mil milhões de dólares, ao longo das suas vidas.

A CZI anunciou em setembro um investimento de 3 mil milhões de dólares durante os próximos dez anos para ajudar a enfrentar e curar todas as doenças humanas. O primeiro passo foi um investimento de 600 milhões de dólares no Biohub, um novo centro na Universidade da Califórnia São Francisco (UCSF), que vai desenvolver novas ferramentas de combate a doenças.

Quando a CZI foi criada, recebeu críticas por se ter constituído como uma sociedade de responsabilidade limitada e não como uma organização sem fins lucrativos. Zuckerberg diz que assim é mais fácil investir com mais flexibilidade. Além de donativos, poderá investir em empresas e organizações que partilhem os seus objetivos. Por exemplo, em junho investiu na Andela, uma startup que treina engenheiros africanos para empregos tecnológicos. E antes já tinha investido na Byju, uma plataforma indiana de educação por vídeo.