Mulher de Fillon recebeu 500 mil euros do Estado, mas não há provas do seu trabalho

Penelope foi contratada em 1998 pelo marido mas raramente foi vista no parlamento francês

O candidato à presidência de França, François Fillon, está debaixo de fogo, depois de o jornal satírico “Le Canard Enchaîné” ter revelado que a sua esposa recebeu cerca de 500 mil euros do Estado, pelo exercício do cargo de assistente parlamentar.

Até aqui, nada de irregular, uma vez que a legislação francesa permite que os deputados contratem familiares diretos para posições de assistência. O problema, refere aquele jornal, é que foi bastante complicado encontrar provas do trabalho da mulher do candidato presidencial d’Os Republicanos e até descrever a sua função, uma vez que raramente foi vista no parlamento francês e nunca teve uma presença de destaque nas várias campanhas e ações políticas de Fillon.  

Penelope Fillon foi contratada em 1998 para servir como assistente do marido, na altura deputado eleito para a Assembleia Nacional. Quando François Fillon foi nomeado, em 2002, para ministro dos Assuntos Sociais, o seu substituto no cargo de parlamentar, Marc Joulaud, manteve Penelope como sua ajudante, com um salário mensal de 7 mil euros por mês. Fillon passou então pelo ministério da Educação e entre 2007 e 2012, foi primeiro-ministro de Nicolas Sarkozy. No final dessa aventura, voltou a ser eleito para deputado e Penelope foi novamente contratada. 

“Nunca trabalhei com Penelope Fillon. Apenas a conhecia como esposa do ministro”, confessou um membro da equipa de Joulaud, ao jornal francês. 

Citado pelo “The Guardian”, Fillon mostrou-se “escandalizado” com a publicação do “Canard Enchaîné” e acusou o jornal de estar a alimentar uma campanha suja contra a sua candidatura ao Eliseu. Quando desafiado a esclarecer quais as tarefas realizadas pela sua esposa, o conservador recusou dar pormenores.

Fillon tem-se apresentado aos franceses como um candidato que candidato anti-sistema e várias vezes se gabou de nunca ter visto o seu nome envolvido em escândalos políticos, ao contrário de Sarkozy e Alain Juppé, os seus adversários, derrotados, nas primárias da direita.