CaixaBank vai puxar pelo BPI

Ulrich, que apresentou um crescimento dos lucros de 33% para 313 milhões em 2016, acredita que o futuro do banco vai ser melhor caso a OPA do CaixaBank tenha sucesso.

Fernando Ulrich está otimista em relação ao futuro do BPI ao garantir que «com o CaixaBank mais comprometido com o banco, o futuro vai ser melhor», revelou esta semana durante a apresentação de resultados ao apresentar lucros de 313,2 milhões de euros, mais 32,5% do que em 2015. Mas apesar do discurso positivo, o banqueiro quis deixar em segredo a sua continuidade ou não à frente da instituição financeira. «Não me compete a mim estar a falar sobre o futuro», revelou.

A Oferta Pública de Aquisição (OPA) do banco catalão – que oferece 1,134 euros por cada ação do BPI, com o objetivo de ficar com a totalidade do capital social – estará concluída a 8 de fevereiro, mas a liderança do BPI só será decidida na assembleia-geral, agendada para dia 26 de abril. o CaixaBank já tinha afirmado que pretendia «continuar a apoiar a equipa de gestão do Banco BPI». Mas não afastou mudanças na administração. No entanto, esta estrutura poderá vir a ser alterada, nomeadamente para receber mais representantes do grupo catalão.

O presidente do BPI afirmou ainda que «não vislumbrou críticas à gestão» do banco no prospeto da OPA do CaixaBank e disse que subscrevia não só as estimativas de redução de pessoal – em que está prevista a saída de 900 trabalhadores – assim como a avaliação que é feita à baixa rentabilidade do banco em 2015 por parte do grupo catalão.

O banqueiro recordou que, face a 2008, ano em que o banco atingiu o pico de funcionários, o BPI já reduziu 2.300 pessoas e recordou que só o ano passado saíram quase 400 em Portugal.

BFA impulsiona resultados

No último ano como maior acionista do BFA, o BPI foi buscar a Angola 52% dos lucros – 163 milhões de euros –, menos do que em 2015. Ainda assim. este foi o maior contributo de sempre do BFA. «É uma história superiormente rentável», frisou Ulrich. E dá exemplos: um investimento de três milhões de euros gerou um retorno de mais de 900 milhões.

Para cumprir as exigências do Banco Central Europeu (BCE), que obriga a reduzir a exposição ao mercado angolano, o BPI vendeu já este mês 2% da sua participação no BFA à operadora Unitel, deixando de controlar aquela instituição, ficando com 48,1%, enquanto a Unitel tem 51,9% do capital.

No entanto, no prospeto da OPA, divulgado a 15 de janeiro pelo Caixabank é revelado que o BCE fez uma «recomendação não vinculativa» para que o Caixabank «reduza gradualmente a participação do BPI no BFA num período de tempo razoável».

Desta forma, o banco catalão diz que «deverá ter preparado um plano de desinvestimento no BFA», que poderá ser total ou parcial.

Caso aconteça essa saída do BFA, o espanhol CaixaBank garante que irá sempre «respeitar o acordo parassocial que vincula o BPI em relação ao BFA e cumprir com a legislação bancária local».

Os resultados de 2016 têm já em conta a venda à Unitel de uma participação de 2% do capital social do BFA, sendo que a operação angolana foi classificado como operação descontinuada. Isto significa que o impacto do negócio só será contabilizado nas contas do primeiro trimestre deste ano.