Descoberta. Emoji “mais velho do mundo” tem 382 anos

Descoberta foi feita na Eslováquia. Estes símbolos tornaram-se tão populares que os jovens fazem frases usando apenas estes desenhos, mas os especialistas alertam para os perigos que advêm desta prática

Os emojis (pequenas figuras que expressão diferentes emoções) são cada vez mais usados, principalmente pelos jovens. Mas estas ‘carinhas’ são mais velhas do que parecem: a mais antiga tem mais de 350 anos.

O instituto norte-americano Smithsonian publicou esta semana um artigo com o título ‘Investigadores descobrem emoji do século XVII’. O texto, que cita uma notícia do “International Business Times”, revela que especialistas do arquivo nacional de Trencin, na Eslováquia, acreditam ter encontrado o emoji mais velho do mundo, num documento que data de 1635.

Segundo o mesmo texto, o ícone foi encontrado num escrito que pertenceu a Jan Ladislaides, um advogado que vivia numa aldeia perto das montanhas de Strazov. Este homem estaria a rever as contas do município onde residia e, como sinal de satisfação, decidiu colocar no fim um círculo com dois pontos e uma linha – uma imagem a que hoje associamos ao emoji sorridente.

Peter Brindza, responsável pela investigação, disse à publicação “Barcroft News” que o emoji se encontrava ao lado da assinatura de Ladislaides, no final do texto. O desenho feito não parece ilustrar uma expressão de felicidade, mas sim de dúvida. No entanto, o investigador garante que, lendo as passagens anteriores do documento, o advogado estava satisfeito com as informações divulgadas no texto.

Além deste ‘smile’, os investigadores encontraram no mesmo documento o que parece ser a mão de um palhaço a apontar para o topo das páginas dos documentos legais de Ladislaides. Apesar de ainda não se saber o significado deste símbolo, a televisão pública chinesa, citada pelo Smithsonian, especula que se pode tratar de um tipo de ‘hashtag’, o que é hoje em dia usado nas redes sociais para aglomerar textos, fotografias e vídeos sobre o mesmo tópico.

Até agora, o emoji ‘mais velho’ do mundo era de 1648 e tinha sido colocado no poema ‘To Fortune’, do inglês Robert Herrick. No entanto, investigadores afirmam que o símbolo em causa não se trata de um emoji, mas sim de uma emenda tipográfica.

O símbolo agora encontrado na Eslováquia pode ser o emoji mais antigo, mas a verdade é que os seus antepassados ‘nasceram’ há milhares de anos – desde as pinturas rupestres, passando pelos hieróglifos e os símbolos religiosos e mitológicos presentes na pintura e escultura tradicional, todos estas representações podem ser encaradas como os primórdios da linguagem moderna que milhares de pessoas usam hoje em dia.

Prós e contras para os jovens O uso dos emojis tem, como tudo, aspetos positivos e negativos na vida de uma criança ou adolescente. A pedopsiquiatra Ana Vasconcelos refere que, por um lado, este tipo de linguagem icónica e simbólica pode ajudar a manifestar emoções e a despertar sensações agradáveis no outro: “poder pôr um sorriso no final de um recado para alguém é muito agradável”. No entanto, a especialista diz que é preciso os pais estarem atentos a este tipo de interação, já que a falta de palavras escritas pode trazer consequências graves durante o período de aprendizagem e, consequentemente, na vida adulta.

“Pensa-se que este tipo de linguagem é um dos responsáveis pelas dificuldades que muitas crianças e jovens têm em explicar por palavras os conteúdos das matérias, nomeadamente a partir do 6º ano. A partir do 8º ano é catastrófico”, disse ao i a pedopsiquiatra.

De acordo com a especialista, a linguagem que tem como base símbolos e ícones é processada no hemisfério direito, fazendo com que o esquerdo, responsável pelo pensamento lógico e pela competência comunicativa, não seja estimulado. “Existem muitos especialistas preocupados com o défice de semântica nas novas gerações. É preciso não esquecer que temos narrativas internas e externas e quando dialogamos com o outro temos de ter a consciência empática de ver se o interlocutor compreende o que dizemos”, defende.

Ana Vasconcelos explica ao i que esta linguagem funciona entre os mais novos porque “não têm de explicar conteúdos” – a conversa é feita de uma forma coloquial e relacional, sendo usadas expressões rápidas que, sem ser muito descritiva, são compreendidas pelo outro. “O problema surge quando a pessoa precisa de uma linguagem que defina conceitos e abstrações. (…) É preciso ter cuidado porque quando é preciso usar um conteúdo mais elaborado de linguagem escrita e/ou verbal na escola, as crianças não conseguem. É parecido com o que muitas vezes se passa com os miúdos hiperativos, com défice de atenção, que se aborrecem porque não conseguem acompanhar as palavras que a professora diz”, defende a especialista.

Emoji de 1635

Este foi o símbolo encontrado no texto do advogado eslovaco Jan Ladislaides. O texto remonta ao ano de 1635 e os investigadores acreditam que o ícone colocado no final do documento, junto à assinatura, tem como objetivo sugerir um sinal de aprovação.