Catalunha. Rajoy e Puigdemont encontraram-se em segredo

Presidente da Generalitat diz que almoço não conta como negociação e insiste em fazer referendo pela independência este ano. Agrade isso a Madrid ou não. 

O presidente do governo espanhol e o líder da generalitat da Catalunha reuniram-se em segredo em janeiro sem que tivessem chegado a novas conclusões em relação ao referendo pela independência catalã que a maioria independentista promete para este ano. Mariano Rajoy e Carles Puigdemont, aliás, limitaram-se a repetir as suas posições: o primeiro não aceita o referendo – mas não diz como o pensa impedir – e o segundo insiste em dizer que avançará com a consulta – mas não diz como a vai tornar efetiva.

O encontro de janeiro podia ter sido um embaraço grave para Carles Puigdemont, cuja posição em torno do processo independentista é a de que não existirão negociações sem que Madrid aceite em primeiro lugar o referendo. Mas o presidente da Generalitat escapou com facilidade às perguntas lançadas esta quarta-feira pelos deputados catalães independentistas e da oposição no Parlamento – a notícia da reunião foi publicada esta quarta pelo jornal “La Vanguardia”, disparando o debate em Barcelona.

“Agora escandalizam-se porque este governo dialoga, este governo dialoga para pode votar”, disse Puigdemont no Parlamento catalão. A posição do seu governo, assegura, mantém-se a mesma, até porque, segundo diz, “defendemos o mesmo em público do que em privado” e as negociações sobre o referejndo “não aconteceram nem estão a acontecer”. Um encontro, afirma Puigdemont, não é o mesmo que um canal de negociações. “Votar, votaremos”, promete, apesar da oposição do Tribunal Constitucional e governo. 

Rajoy e Puigdemont concordaram em manter o encontro em silêncio, segundo escreve o “La Vanguardia”, que adianta também que a reunião aconteceu a convite do presidente do governo espanhol. O diário catalão, porém, afirma que houve algum diálogo sobre o referendo e que Puigdemont sugeriu que há algumas condições que está disposto a acertar com Madrid, como, por exemplo, a data do referendo e a pergunta que será colocada aos catalães. Rajoy recusou-o, mas existe uma lista de reivindicações que o presidente do Governo quer discutir para frear a consulta.