Trump envia pesos pesados ao México para serenar os ânimos

Visita de Tillerson e Kelly acontece numa das piores fases da história diplomática recente entre os países

Um dia depois do anúncio de uma série de medidas que prometem endurecer a ação das autoridades norte-americanas contra os imigrantes ilegais nos EUA, o presidente Donald Trump decidiu enviar para a Cidade do México duas figuras de topo da sua administração, como gesto de boa vontade. 

O secretário de Estado, Rex Tillerson, e o secretário da Segurança Interna, John Kelly, deslocaram-se, esta quarta-feira, ao vizinho do sul, para uma maratona de encontros, com vista ao melhoramento das relações entre os dois países, em pleno processo de rutura, fruto do braço-de-ferro entre o líder norte-americano e o presidente Enrique Peña Nieto, motivado pelas divergências sobre o nome que deverá constar na fatura do muro de separação entre os dois Estados, concebido pela nova administração republicana.

Na agenda de Tillerson e Kelly consta uma reunião com o próprio Peña Nieto, bem como diversas conversas a nível ministerial, nomeadamente, com os responsáveis mexicanos pelas pastas dos Negócios Estrangeiros, Finanças, Defesa e Marinha.

Se a garantia, dada por Trump nos primeiros dias de mandato, de que irá cobrar “100%” do custo da barreira física que começará a ser edificada na fronteira entre EUA e México, mereceu uma resposta de protesto e indignação por parte do chefe de Estado daquele país latinoamericano – o presidente mexicano cancelou uma visita oficial a Washington – os dois memorandos assinados, na terça-feira, por Kelly, com vista à aceleração do processo de deportação de imigrantes ilegais (que pode afetar mais de 11 milhões de pessoas) não mereceu qualquer reação oficial das autoridades mexicanas.

Ainda assim, as diretrizes foram discutidas internamente e o clima é de apreensão. “É óbvio que [as medidas] são motivo de preocupação para o departamento de Relações Externas, para o governo e para todos os mexicanos”, admitiu o embaixador mexicano nos EUA, citado pela Fox News, numa audiência interna com senadores.