Rivalidade entre Federer e Nadal revigora o ténis

Os duelos Federer-Nadal, Nadal-Federer ou ‘Fedal’, como agora se diz, transformaram-se no supremo ‘ténis gourmet’. É uma experiência que ultrapassa a mera esfera do ténis, sendo equivalente a um Ali-Frazier, Real Madrid-FC Barcelona, Dallas Cowboys-Washington Redskins, LA Lakers-Boston Celtics, Ronaldo-Messi e tantos outros duelos de titãs que despertam as paixões.

No ténis, noutras eras, houve confrontos tão empolgantes e muito mais frequentes, como Pancho Gonzalez e Ken Rosewall, que mediram forças 174 vezes entre 1957 e 1970, com o norte-americano a vencer 103 e o australiano 71.
Mas a nossa aldeia global faz com que nenhum embate de gigantes tenha sido tão mediatizado quanto ‘Fedal’. Na mitologia tenística da ‘Era Open’ (desde que em 1968 os torneios do Grand Slam se abriram aos profissionais) só lhe são equiparáveis os inolvidáveis Bjorn Borg-John McEnroe.

Em determinados aspetos, os Borg-McEnroe foram superiores, pelo aliciante Europa-América que é tão emotivo na Ryder Cup; pelo contraste de personalidades do mudo ‘Ice-Borg’ com o desbocado ‘Superbrat’ ou enfant terrible; pelo encaixe técnico-tático do extraterrestre jogo defensivo e (na altura) revolucionário heavy spin de Borg com o puro estilo atacante de serviço-vólei de Mac.

Mas Borg e McEnroe defrontaram-se apenas 14 vezes (7 vitórias para cada lado) em quatro anos.

Já Federer e Nadal deparam-se do outro lado da rede desde 2004 e esta semana viveram o 36.º episódio da mais espetacular rivalidade na história da modalidade.

O suíço de 35 anos arrasou o espanhol de 30 por 6-2 e 6-3, em apenas 68 minutos, nos oitavos de final de Indian Wells, dois meses depois da épica final do Open da Austrália, na qual ‘King Roger’ necessitou de três horas e 37 minutos para desfeitear o ‘Rei da terra batida’ por 6-4, 3-6, 6-1, 3-6 e 6-3.

‘FedExpress’ nunca derrotara a sua Némesis três vezes seguidas, mas é mais significativo que os dois últimos sucessos tenham sido num major e no mais importante dos Masters 1000.

Uma semana depois da remontada do Barça na Liga dos Campeões de futebol, Federer confirmou que está a virar um saldo que ainda lhe é bem desfavorável por 13 vitórias e 23 derrotas.

Quando tudo parecia indicar que, depois de 2016, o ténis masculino iria tornar-se bicéfalo, com Andy Murray e Novak Djokovic a partilharem quase equitativamente o poder, eis que o início de 2017 trouxe de novo à ribalta os monstros sagrados do ténis, que muitos consideram já os dois melhores tenistas de todos os tempos.