Vingança em Barcelos mata 4 pessoas

A vingança estaria inspirada no facto de as vítimas terem recusado depor como testemunhas abonatórias num caso de violência.

Um homem, com cerca de 60 anos de idade, já conhecido pelo seu caráter agressivo em ambiente familiar, esfaqueou mortalmente quatro vizinhos na freguesia de São Veríssimo de Tamel, em Barcelos, esta sexta-feira, como forma de vingança. Este sábado faria dois anos que aconteceu o caso de violência doméstica pelo qual Adelino Briote foi condenado a três anos e dois meses de pena suspensa em novembro do ano passado.  A vingança estaria inspirada no facto de as vítimas terem recusado depor como testemunhas abonatórias num caso de violência onde o provável homicida era o arguido. José Pereira, primo do casal mais idoso assassinado, contou aos jornalistas que foi ele que chamou as autoridades, a pedido do próprio Adelino Briote: «Ó Pereira, pede a um agente para vir ter comigo».

Na sequência do pedido, José Pereira não fez perguntas e chamou um agente de autoridade que ficou a falar com Briote e depois seguiu até à casa de uma das vítimas, com o suspeito atrás, descreve o Observador: segundo o familiar do casal de idosos assassinado, duas das quatro vítimas, «quando o agente regressou já o trazia agarrado pelo braço». A mesma fonte garante que uma das vítimas de Briote ‘escapou’, o que indica que poderia existir uma quinta pessoa de quem o suspeito teria vontade de se vingar.

Segundo fonte oficial da Guarda Nacional Republicana, depois de detido, o suspeito Celino Briote confessou os homicídios. Os vizinhos dizem que é possível que  o suspeito dos crimes, tenha procurado vingança pelo facto de as vítimas não terem testemunhado a favor dele num processo de violência doméstica.

Entre as vítimas está Marisa Alexandre, uma jovem na casa dos 30 anos que estava grávida e, segundo a descrição de José Simões, responsável dos Bombeiros Voluntários de Barcelos no local do crime, estaria em final de período de gestação. Marisa, que já tinha uma filha de 9 anos de idade, terá sido assassinada dentro da sua própria residência, que está agora a ser investigada pela Polícia Judiciária. António Vale, de 84 anos e a sua esposa Maria da Glória, de 80 anos, terão sido violentamente esfaqueados no pescoço, tal como todas as outras vítimas, quando se encontravam à porta de casa.  Maria Fernandes, de 58 anos, vivia sozinha mas terá sido assassinada na via pública, onde foi encontrada morta, embora não haja até agora confirmações de testemunhas, segundo apurou o SOL.

 Para Maria – nome fictício – uma das vizinhas e amiga das vítimas, que preferiu não ser identificada, este terá sido um caso de vingança: «Acho que foi vingança, eles foram testemunhas contra ele no processo que ele teve em tribunal por bater na sogra». A vizinhança, que se encontra em choque, garante que o suspeito «com os vizinhos portava-se bem, ninguém tinha que dizer dele, em casa é que se portava mal, mas cá fora não havia queixas do fulano». Maria diz ainda: «Foi uma surpresa ele matar os vizinhos, mas que ameaçava que ia matar a sogra diz-se que ameaçava, ele metia-se mesmo com ela, com a ex-mulher e assim». 

Um dos moradores, contou ao SOL, contou que  «a ex-mulher foi para o estrangeiro com a filha, que uma vez, quando estava grávida, meteu-se à frente quando ele estava a bater na avó, e acabou por levar também».

Em 2015, 29 mulheres foram mortas em contexto familiar, deixaram 46 crianças órfãs, referencia o relatório do mesmo ano do Observatório de Mulheres Assassinadas