Visita de May ao Médio Oriente motiva críticas da oposição

Jeremy Corbyn acusa o governo de estar a contribuir para a “catástrofe humanitária” no Iémen

De visita à Jordânia e à Arábia Saudita, a primeira-ministra do Reino Unido defendeu-se das críticas do Partido Trabalhista e justificou a sua viagem ao Médio Oriente com o “interesse nacional britânico” em ter boas relações comerciais e securitárias em todo o mundo. 

Jeremy Corbyn, líder do Labour, tinha lançado duras críticas à presença de Theresa May junto da “monarquia ditatorial saudita” e defendido que o apoio britânico aos ataques aéreos no Iémen estaria a contribuir para uma “catástrofe humanitária”. 

“A coligação liderada pelos sauditas, apoiada pelo governo britânico, que está a bombardear o Iémen, fez milhares de mortos, deixou 21 milhões de pessoas a precisar de assistência humanitária e fez 3 milhões de refugiados”, acusou Corbyn, citado pela BBC, denunciando ainda a utilização “armas de fabrico britânico” na guerra. “O Iémen precisa urgentemente de um cessar-fogo, de um acordo político e de ajuda alimentar, não de bombas”, acrescentou.

A guerra civil no Iémen rebentou em 2014, após a invasão do norte do país por rebeldes xiitas, apoiantes do ex-presidente Ali Abdullah Saleh. Em março do ano seguinte foi formada uma coligação de reconquista, liderada pela Arábia Saudita, destinada a recuperar o território perdido para os hutis e a lograr a reposição no poder do exilado Abdu Rabbu Mansour Hadi. Os Estados Unidos e outros países ocidentais, como o Reino Unido, optaram manter a distância e a sua participação no conflito resume-se à venda de armas, apoio logístico, treino e troca de informação militar com os sauditas.

Em território jordano, a primeira-ministra britânica admitiu estar “preocupada” com a situação humanitária no Iémen, mas fez questão de relembrar que o Reino Unido foi, em 2016, o “quarto maior doador em ajuda humanitária”. May garantiu que irá levantar a “questão humanitária” junto dos sauditas e defendeu que para o fazer é necessário “ter um relacionamento”. 

“Em vez de ficarmos à margem a maldizer, entendemos que é importante envolvermo-nos, falarmos com as pessoas sobre os nossos interesses e, claro, levantarmos questões difíceis se acharmos necessário”, disse a líder do executivo britânico.